O Pagador de Promessas, de Dias Gomes: o livro, a peça, os filmes, o drama burguês e o teatro épico

O Pagador de Promessas, de Dias Gomes: o livro, a peça, os filmes, o drama burguês e o teatro épico

Breve Resumo

Este vídeo explora a peça "O Pagador de Promessas" de Dias Gomes, abordando o enredo, contexto histórico, adaptações cinematográficas e sua relação com o teatro épico. O vídeo também oferece uma interpretação pessoal da obra, destacando o sincretismo religioso como ponto central.

  • Enredo da peça e a jornada de Zé do Burro para pagar sua promessa.
  • Contexto histórico da peça, incluindo a efervescência cultural e política do Brasil nos anos 50.
  • Análise dos filmes baseados na peça, com destaque para a adaptação de 1962 que ganhou a Palma de Ouro em Cannes.
  • Relação da peça com o teatro épico e as críticas de Iná Camargo Costa e Anatol Rosenfeld sobre a obra.
  • Interpretação pessoal da peça, com foco no sincretismo religioso e na busca do brasileiro por um lugar no mundo.

Introdução

Lucas apresenta o vídeo sobre a peça "O Pagador de Promessas" de Dias Gomes, mencionando o centenário do autor em 2022 e os 60 anos do filme baseado na obra, único filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro em Cannes. Ele estrutura o vídeo em partes: enredo, contexto histórico, filmes, Teatro Épico e impressões pessoais.

Resumo da peça O Pagador de Promessas

A peça conta a história de Zé do Burro, um camponês que vive no interior da Bahia. Quando seu burro de estimação adoece, ele faz uma promessa a Santa Bárbara (Iansã no candomblé) para curá-lo. Após a cura, Zé decide cumprir a promessa de carregar uma cruz até a igreja de Santa Bárbara em Salvador e dividir suas terras com os camponeses. Ao chegar na cidade, Zé é impedido de entrar na igreja pelo padre, que não aceita a promessa feita em um terreiro de candomblé. Zé insiste em pagar a promessa na praça em frente à igreja, interagindo com diversos personagens da cidade, como o Bonitão, Marli, um poeta, a imprensa e a polícia. A peça culmina com a decisão de Zé de entrar ou não na igreja para pagar sua promessa.

O contexto histórico de O Pagador de Promessas

Nos anos 50, Dias Gomes vivia um período de efervescência criativa e política, influenciado pelo governo de Juscelino Kubitschek, pela modernização do país e pelo engajamento com o Partido Comunista Brasileiro. A cultura brasileira estava em alta, com o lançamento de "Grande Sertão Veredas" e o surgimento da Bossa Nova. Gomes encontra inspiração para "O Pagador de Promessas" na notícia de um soldado alemão que prometeu carregar uma cruz até o santuário de Lourdes se fosse curado. Ele escreve a primeira versão da peça e tenta levá-la para a Bahia, buscando um grupo local para montá-la e fazer uma excursão pelo país, mas não obtém sucesso.

Os filmes feitos para O Pagador de Promessas

Anselmo Duarte, um cineasta que buscava reconhecimento, propõe a Dias Gomes transformar "O Pagador de Promessas" em filme. Apesar de receoso devido ao histórico de Duarte em pornochanchadas, Dias Gomes aceita a proposta e assina um contrato que exige a literalidade do texto da peça. O filme estreia em 1962 e ganha a Palma de Ouro em Cannes. O filme concentra a ação na praça em frente à Igreja de Santa Bárbara em Salvador. Em 1988, é feita uma minissérie na Globo baseada na peça, que também é transformada em um longa-metragem.

O drama burguês e o teatro épico para Anatol Rosenfeld

A modernidade no teatro reflete as evoluções sociais, a ascensão do capitalismo e da classe operária, as guerras e a organização do poder. O teatro evolui do drama burguês para o Teatro Épico, que é mais engajado com as causas sociais. Anatol Rosenfeld define os gêneros lírico, dramático e épico, distinguindo o drama burguês do Teatro Épico. No drama burguês, os pressupostos não são questionados, enquanto no Teatro Épico há um questionamento crítico da sociedade.

O Pagador de Promessas e o teatro épico para Iná Camargo Costa

Iná Camargo Costa considera que "O Pagador de Promessas" desestrutura o pressuposto do diálogo no drama burguês, ganhando contornos épicos. No entanto, devido à ideologia da época, não se dá um passo além no sentido revolucionário. A peça busca uma acomodação da expressão popular de fé dentro da Igreja Católica, conservando-a como instituição. A peça tem uma função de advertência, buscando reformas antes que o povo faça a revolução.

Minha interpretação da peça

O sincretismo religioso é o ponto central da peça, colocando em destaque as contradições e particularidades da história brasileira. Zé do Burro está exposto à história e tenta entrar na igreja, que representa a civilização, mas não domina seus códigos. A fé simples de Zé e o ruído na manifestação dessa fé não são compreendidos pelo padre, o que impede a integração do homem brasileiro à civilização. A peça expõe o problema da assimilação falhada e da existência de um código próprio do brasileiro, que ainda não encontrou seu lugar no mundo.

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