Breve Resumo
Este webinar é parte da programação preparatória para o primeiro simpósio nacional em saúde mental, práticas e atualizações, inspirado no trabalho de Nise da Silveira. O evento visa aprofundar e atualizar as perspectivas sobre o cuidado psíquico no Brasil, resgatando a experiência da Casa das Palmeiras como uma alternativa ao modelo manicomial.
- O psiquiatra Jean Pierre Hargraves aborda a importância da escuta e da expressão simbólica na trajetória do poeta José Bastos.
- A psicóloga Patrícia Fonseca de Oliveira explora como a poesia pode ser um meio de reinvenção subjetiva e cuidado psíquico, seguindo os passos de Nise da Silveira.
- O simpósio é um convite à escuta sensível, à arte como forma de cuidado e à memória de Nise da Silveira.
Apresentação do Simpósio e Convidados [0:05]
O webinar faz parte da programação preparatória para o primeiro simpósio nacional em saúde mental, práticas e atualizações, que ocorrerá nos dias 20 e 21 de setembro na sede do Instituto Freedom em São Paulo. O simpósio tem como objetivo aprofundar e atualizar as perspectivas sobre o cuidado psíquico no Brasil, resgatando a experiência da Casa das Palmeiras, um espaço criado por Nise da Silveira como alternativa ao modelo manicomial. Os convidados do webinar são o Dr. Jean Pierre Hargraves, psiquiatra e colaborador da Casa das Palmeiras, que falará sobre a escuta, o silêncio e a expressão simbólica na trajetória do poeta José Bastos, e Patrícia Fonseca de Oliveira, que abordará a poesia como um meio de reinvenção subjetiva e cuidado psíquico, seguindo os passos de Nise da Silveira.
Agradecimentos e Introdução ao Tema [3:05]
A mediadora Patrícia Teixeira expressa gratidão a Luciana pela organização do evento e aos convidados, Patrícia Fonseca e Jean Pierre, por compartilharem suas experiências. Ela destaca a importância do Instituto Freedom como um espaço dialético onde profissionais trocam conhecimentos sobre psicologia, saúde mental, arte, filosofia, arteterapia e antropologia. A mediadora ressalta a sincronicidade entre os convidados, que se encontraram através de José Basto, um dos primeiros clientes da Casa das Palmeiras. O objetivo do bate-papo é aquecer o simpósio, explorando os desdobramentos do caminho de coexistência e resistência iniciado por Nise da Silveira.
A Trajetória de Jean Pierre Hargraves e o Encontro com Nise da Silveira [8:18]
Jean Pierre Hargraves compartilha sua trajetória como médico homeopata e psiquiatra, mencionando sua formação e estudos na França, onde trabalhou em um serviço de psiquiatria que iniciava a desospitalização. Ao retornar ao Brasil, ele conheceu Nise da Silveira por meio de sua mãe, que colaborava com a Casa das Palmeiras. Nise o incentivou a estudar Gastão Bachelard, cujos textos ele utilizou para criar uma apresentação de slides que posteriormente se tornou um filme premiado. Jean Pierre também relata sua experiência em um manicômio no Rio de Janeiro, onde foi demitido por ajudar um paciente a fugir e fazer denúncias. Desde 1993, ele trabalha no serviço público em São Paulo, acompanhando de perto a realidade da psiquiatria na periferia.
A Importância da Casa das Palmeiras e o Contato com a Loucura [11:54]
Jean Pierre destaca a importância da Casa das Palmeiras como um espaço de contato com a loucura, entendida como uma liberdade de ser, em contraposição às regras da sociedade. Ele explica que Nise da Silveira criou a Casa das Palmeiras em 1956 para evitar reinternações e internações, oferecendo um ambiente com atividades expressivas, afeto e carinho, diferente da realidade manicomial. A Casa das Palmeiras é a experiência alternativa em psiquiatria mais duradoura do mundo, sem enfermeiros ou medicação, funcionando como um espaço livre fora da questão psiquiátrica. Jean Pierre ressalta que todos que trabalham na Casa o fazem por desejo, sem receber remuneração, o que contribui para a troca e interação com os clientes.
O Acompanhamento do Processo dos Clientes e a Importância da Presença [16:18]
Jean Pierre enfatiza a importância de acompanhar o processo dos clientes ao longo do tempo, observando e ouvindo seus detalhes, pois em discursos aparentemente confusos podem surgir insights valiosos. Ele menciona que, para trabalhar com isso, é preciso gostar de estar junto, interagir e estar disposto a aprender. Jean Pierre compara José Basto a um monge ou guru, destacando a profundidade de suas percepções. A Casa das Palmeiras permite essa interação e aprendizado, sendo como uma "outra cena" fora do contexto psiquiátrico e capitalista. Ele ressalta que Nise da Silveira valorizava a relação de pessoa para pessoa, sem a necessidade de conhecimentos prévios ou teorias.
A Sobrevivência da Casa das Palmeiras e a Dificuldade de Replicação [20:36]
Jean Pierre explica que a Casa das Palmeiras sobrevive com dificuldades financeiras, dependendo do trabalho voluntário de seus colaboradores. Ele relata que, durante seus dois mandatos como presidente, precisou usar recursos próprios para fechar as contas. Essas características da Casa tornam difícil a replicação em outros locais, apesar da influência em instituições como os CAPS. Jean Pierre critica a terceirização e a alta rotatividade de pessoas nos CAPS, que prejudicam o acompanhamento dos clientes. Ele também expressa sua aversão ao termo "saúde mental", que considera ter uma conotação ligada aos laboratórios farmacêuticos.
A Casa das Palmeiras como Evolução do Trabalho de Nise da Silveira [23:34]
Jean Pierre afirma que continua na Casa das Palmeiras por considerá-la a evolução do trabalho de Nise da Silveira, provando que o método funciona. Ele menciona que existem lugares no mundo com características semelhantes à Casa, mesmo sem conhecê-la, e que tenta apresentar o trabalho de Nise para inseri-lo nessa história de mudança no cuidado com pessoas em sofrimento psíquico. No entanto, ele observa que o sofrimento psíquico está sem cuidados, com os CAPS sobrecarregados e sem estrutura para atender a todos. Jean Pierre defende a necessidade de lugares onde as pessoas possam se internar e se afastar do ambiente familiar, que muitas vezes é a causa do problema.
A Importância do Ponto de Referência e da Presença Afetiva [27:27]
Jean Pierre relata o caso de um cliente que foge de outra instituição para ir à Casa das Palmeiras tomar café com Maria, mostrando a importância desse ponto de referência. Ele enfatiza que o cliente precisa saber que existe um lugar no mundo onde pode ser ele mesmo e ter paz. Jean Pierre menciona que Nise da Silveira estudou a fundo alguns clientes, como Emídio e Rafael, e que Jean Oury defende a importância de estar junto, no mesmo espaço e tempo, para se aproximar do outro. Ele destaca a importância da presença afetiva, citando uma foto de Nise atrás de Rafael, que demonstra o afeto catalisador.
A Necessidade de Estar Junto e a Importância da Observação [30:56]
Jean Pierre ressalta que, na Casa das Palmeiras, houve vários clientes importantes que não foram tão estudados, abrindo um espaço infinito para pesquisa. Ele explica que estudar o mundo interno da loucura é difícil, pois questiona todas as teorias, e que Nise da Silveira considerava as teorias apenas ferramentas. Jean Pierre enfatiza a importância de estar junto, observando e ouvindo os clientes, pois a loucura está ligada a sentimentos, afetos e questões metafísicas. Ele menciona que Nise da Silveira passou a vida ao lado dos clientes, assim como Jean Oury, e que a presença é primordial.
A Evolução Lenta e a Importância do Fazer [36:33]
Jean Pierre compartilha a história de Ricardo, um cliente que demorou anos para participar das atividades na Casa das Palmeiras, começando com o arranjo floral e escrevendo adjetivos para as flores. Ele destaca a importância de observar os detalhes, mesmo que não se chegue a conclusões, pois o importante é o fazer e o estar presente, evoluindo dentro da própria possibilidade. Jean Pierre critica o mundo oficial, que não entende como investir tanto em uma pessoa para uma melhora mínima.
A Relação entre Psique e Literatura na Obra de José Basto [40:54]
Patrícia Teixeira pergunta a Patrícia Fonseca sobre seu trabalho de doutorado, que pesquisa a relação entre psique e literatura na obra de José Basto. Patrícia Fonseca expressa sua felicidade em participar do evento e agradece ao Instituto Freedom pelo convite. Ela menciona que seu doutorado é sobre uma obra de poesia de José Basto e que está tentando trabalhar a questão de como a poesia pode salvar uma pessoa. Patrícia Fonseca pretende apresentar um pouco da história de José Basto e do que tem estudado para conversar sobre o tema.
A Relação de Nise da Silveira com a Literatura [43:04]
Patrícia Fonseca destaca a relevância da literatura como um instrumento para a compreensão do universo psicológico humano, mencionando que Nise da Silveira aprendeu mais sobre a psique com Machado de Assis do que na faculdade. Ela cita a relação de Nise com poetas como Marco Luques e Manuel Bandeira, e a importância da literatura como um instrumento de intervenção. Patrícia Fonseca apresenta um poema de Nise, escrito em uma carta para uma amiga, e menciona outros livros da autora que revelam sua escrita poética, como "Nise da Silveira Gatos, a emoção de lidar" e "Cartas da Espinosa".
Apresentação de José Basto, o Poeta [47:25]
Patrícia Fonseca apresenta José Basto como um poeta e o primeiro cliente da Casa das Palmeiras, mencionando que Nise da Silveira o conheceu por acaso e o convidou para frequentar a casa antes da inauguração. Ela destaca que José Basto nunca mais foi reinternado a partir do convite na casa, após ter passado por 13 internações em 11 anos. Patrícia Fonseca compartilha a biografia de José Basto, mencionando sua criação em uma família tradicional, seu desejo de ser padre, sua profissão como instrutor de pilotagem aérea e sua simpatia pelas ideias do partido integralista.
A Crise de José Basto e a Busca por Novos Valores [49:30]
Patrícia Fonseca explica que o primeiro surto psicótico de José Basto aconteceu em 1945, devido à sua culpa por ter apoiado indiretamente a causa nazista. Após as internações, ele passou por um movimento de oposição aos valores anteriores, aderindo às ideias do comunismo e frequentando terreiros de umbanda. No entanto, ele deixou de frequentar os terreiros em 1958, passando a acreditar em uma religião do amor. Patrícia Fonseca destaca que o amor é um fio condutor de toda a obra de José Basto.
A Gratidão de José Basto a Nise da Silveira e a Prática da Conscientização das Palavras [51:02]
Patrícia Fonseca menciona que José Basto dedicou muitos poemas a Nise da Silveira, expressando sua gratidão pelas experiências vividas na Casa das Palmeiras. Ela cita um trecho de um poema em que ele se refere a Nise como "a mãe da humana idade" e à Casa das Palmeiras como "conscientemente livre". Patrícia Fonseca explica que José Basto praticava a "conscientização das palavras", buscando entender o simbolismo e a etimologia original das palavras. Durante os 43 anos em que frequentou a casa, ele escreveu mais de 70 livros.
O Universo Criativo de José Basto: Poesia e Marcenaria [52:44]
Patrícia Fonseca apresenta o primeiro trabalho feito por José Basto na Casa das Palmeiras, uma peça em gesso representando um homem sentado dentro de uma cela com grades abertas, simbolizando a liberdade. Ela menciona que José Basto se tornou monitor da oficina de marcenaria a convite de Nise da Silveira e que seu universo criativo se estendia desde suas criações poéticas até as produções em madeira. Patrícia Fonseca destaca que José Basto expressava sua amorosidade em objetos de madeira em formato de coração e que vivia de maneira profunda o simbolismo em sua existência.
O Cotidiano de José Basto e a Ajuda aos Amigos [54:04]
Patrícia Fonseca descreve o cotidiano de José Basto, que incluía ginástica, banho frio, redação e tardes na Casa das Palmeiras, onde conversava, coordenava e participava de atividades de expressão. Ela menciona que José Basto ajudava os amigos, consertando móveis e objetos de madeira gratuitamente, e que era zeloso pelos objetos da casa. Patrícia Fonseca destaca a alegria de dar de José Basto e cita um verso em que ele afirma que se liberta ao escrever.
Estudos sobre José Basto: A Loucura das Palavras e a Etimologia Inspirada [57:10]
Patrícia Fonseca apresenta alguns estudos sobre José Basto, como a dissertação de Júlia Almeida, "Loucura das Palavras", que conclui que a escrita de José Basto dialoga com o campo da literatura e não com o da psicopatologia. Ela menciona que Júlia estabeleceu diálogos com outros autores e que José Basto desconfiava das palavras, buscando seus sentidos ocultos. Patrícia Fonseca também cita um artigo de Walter Melo Júnior, "Etimologia Inspirada", que resgata o trabalho de José Basto e o contexto de criação da Casa das Palmeiras, destacando a pontuação e a prática da conscientização das palavras na escrita de José Basto.
A Marcenaria de José Basto e a Expressão da Amorosidade [1:01:26]
Patrícia Fonseca menciona um artigo de Osvaldo dos Santos sobre José Basto, que demonstra como a atividade de marcenaria forneceu possibilidades autoexpressivas através da livre associação. Ela apresenta uma cadeirinha feita por José Basto, toda em formato de corações, e cita uma fala de José Basto sobre a cadeira, que é destinada ao futuro da humanidade e dedicada às crianças que não têm assistência do amor. Patrícia Fonseca destaca que José Basto simbolizava a amorosidade nos objetos que produzia e que buscava o equilíbrio dos opostos.
A Presença de José Basto na Obra de Nise da Silveira [1:06:17]
Patrícia Fonseca explica que José Basto não teve sua obra analisada por Nise da Silveira, mas é citado por ela no livro "Imagens do Inconsciente" ao tratar das questões afetivas dos pacientes psiquiátricos. Ela menciona que Nise da Silveira convidou o músico Thomas Lima para acompanhar José Basto recitando versos de seu poema "Paixões humanas" em um evento no circo voador. Patrícia Fonseca destaca que Nise da Silveira valorizava o afeto e chamava os internos pelo nome, aproximando as pessoas.
O Livro em Madeira e a Participação de José Basto na Obra de Nise [1:08:57]
Patrícia Fonseca menciona que José Basto presenteou Nise da Silveira com um livro entalhado em madeira com formato de coração, que ficava em seu gabinete de trabalho pessoal. Ela cita uma fala de Nise da Silveira sobre o presente, em que José Basto diz: "Livro sem coração não vale nada". Patrícia Fonseca destaca que José Basto escreveu junto com Nise da Silveira um capítulo sobre a atividade da marcenaria no livro "Casa das Palmeiras, A emoção de Lidar".
A Casa das Palmeiras como Pequeno Território Livre [1:11:58]
Patrícia Fonseca enfatiza a importância da Casa das Palmeiras como um pequeno território livre e um espaço de proteção para José Basto. Ela cita um trecho de Bachelard que representa o que a Casa das Palmeiras foi para José Basto e é para seus clientes. Patrícia Fonseca finaliza sua fala com um poema de Manuel de Barros, afirmando que o poema é o lugar onde se pode afirmar que o delírio é uma sensatriz.
A Relação entre o Silêncio e o Som na Obra de José Basto [1:13:37]
A mediadora Patrícia destaca como José Basto concretizou sua poesia em objetos e como isso se relaciona com a fala de Jean Pierre sobre o silêncio ser mais rápido que o som. Jean Pierre se prepara para apresentar slides sobre o tema, incluindo a participação de José Basto.
Apresentação de Jean Pierre Hargraves: José Basto Infinito [1:14:41]
Jean Pierre inicia sua apresentação mostrando uma das marcenarias de José Basto, na qual ele colocou um retrato seu. Ele menciona que fez um trabalho sobre o "ABC do meu verdadeiro sentimento de conservação", um texto filosófico de José Basto. Jean Pierre destaca que Nise da Silveira dizia que José Basto era infinito, e que o infinito é um termo importante para a psicose, sendo talvez um bom nome para o espaço mental.
O Sofrimento como Preço do Despertar e a Criação de uma Ordem [1:16:58]
Jean Pierre cita uma frase de uma artista da arte bruta, afirmando que a eternidade não tem saída de emergência. Ele menciona que o sofrimento é o preço pago pelo coração que desperta e que José Basto sofria com questões afetivas e metafísicas. Jean Pierre explica que José Basto criou uma ordem materialista naturalista para organizar suas ideias, o "ABC do meu verdadeiro sentimento de conservação", buscando unir fragmentos para criar uma resposta coesa para suas questões.
As Mentiras Interiores e a Importância do Passado [1:18:39]
Jean Pierre compartilha algumas respostas de José Basto, como "As mentiras interiores são os limites da verdade", "A esperança é a fonte das mentiras" e "O passado não deve ser esquecido, mas profundamente corrigido". Ele destaca a importância de conservar uma certa unidade e unir fragmentos para criar uma resposta coesa para as questões. Jean Pierre menciona que o louco é um ser diferente e quer viver diferentemente.
O Sentimento e a Carne e a Separação Religiosa [1:19:18]
Jean Pierre destaca a importância de unir o sentimento e a carne, mencionando que José Basto fazia muitas poesias dedicadas ao amor e a algumas mulheres, mas sempre de forma platônica. Ele critica a separação entre o sentimento e a carne promovida pela religião, que causa muito sofrimento. Jean Pierre menciona que José Basto via Cristo como uma figura mítica e separava a natureza do aspecto religioso.
A Razão e a Consciência e a Poesia para Alice [1:21:49]
Jean Pierre explica a separação que José Basto fazia entre a razão e a consciência, afirmando que a razão pede, mas a consciência paga o preço. Ele menciona que José Basto separava a palavra "consciência", significando conhecimento que parte da experiência. Jean Pierre apresenta uma poesia de José Basto dedicada a Alice, que era o braço direito de Nise da Silveira, destacando a gratidão e o amor presentes nos versos.
A Natureza e o Cristo Mítico e a Transformação Espiritual [1:24:31]
Jean Pierre destaca a separação que José Basto fazia entre a natureza e o Cristo mítico, afirmando que responsabilizar Cristo como autor da natureza é fugir da natureza e de seu caráter bom. Ele explica que a natureza segue seu rumo, sem bem ou mal, e que José Basto via Cristo como algo que emerge e foge das leis da natureza. Jean Pierre menciona que a transformação espiritual é feita por um processo secreto e agressivo, que não pertence ao homem.
O Amor ao Próximo e o Ensino em Vez do Perdão [1:26:39]
Jean Pierre compartilha a visão de José Basto sobre o amor ao próximo, afirmando que, se nos desprezamos, também vamos desprezar nosso próximo. Ele critica a ideia de virar a outra face, defendendo que, quando somos agredidos, devemos ensinar ao agressor. Jean Pierre menciona que perdoar cria desocupados, enquanto ensinar cria trabalhadores do bem.
A Fé Mumificada e o Espiritualismo Desagregador [1:28:13]
Jean Pierre questiona a questão da fé, afirmando que ela mumifica a consciência natural e o sentimento profundo. Ele critica o espiritualismo, que vê o sofrimento como uma justiça e desagrega o amor, criando um pai artificial e deixando o pai de sangue sem sua ação benéfica. Jean Pierre menciona que, no espiritualismo, namoramos uma vida eterna e deixamos a vida merecer dos sofrimentos.
O Silêncio Mais Rápido que o Som e a Liberdade na Casa das Palmeiras [1:29:26]
Jean Pierre apresenta um vídeo em que José Basto fala sobre a Casa das Palmeiras, destacando a liberdade que o médico dá para a pessoa pensar e ser quem quiser. José Basto afirma que a Casa das Palmeiras é um símbolo da liberdade e que o médico não põe a mão na cabeça do doente. Jean Pierre mostra uma foto de José Basto em um passeio e outra com Nise da Silveira, afirmando que José Basto é infinito. Ele finaliza sua apresentação mencionando que, em um grupo de poesia com o tema do silêncio, José Basto escreveu a frase "O silêncio é mais rápido que o som".
A Importância da Conscientização Livre e do Caminho Individual [1:31:25]
Jean Pierre compartilha uma poesia de José Basto em que ele se refere a Jean Pierre como um "cientista da psicanálise conscientemente livre". Ele destaca a importância de ser um cientista da psicanálise conscientemente livre e de percorrer o caminho que lhe é possível. Jean Pierre menciona que só existe um caminho, que é a vida, e que todos os outros caminhos são trilhas enganosas. Ele ressalta a importância de mergulhar no desconhecido e de questionar tudo o que se aprendeu em cada novo indivíduo.
O Impacto do Estudo da Obra de Nise da Silveira e José Basto no Trabalho de Patrícia [1:37:17]
Patrícia Teixeira pergunta a Patrícia Fonseca como o estudo da obra de Nise da Silveira e José Basto impacta seu trabalho como psicóloga. Patrícia Fonseca responde que a experiência de Nise da Silveira a inspira a acreditar na potência do trabalho, mesmo com poucos recursos materiais, e a valorizar a presença afetiva. Ela menciona que o diagnóstico tem um peso muito grande na infância e adolescência, e que é importante saber o que a criança gosta e o que ela pode fazer. Patrícia Fonseca tenta trazer a experiência das oficinas para o CAPS, percebendo como a expressividade é curativa.
A Importância de Gostar do que Faz e de Acolher o Outro [1:40:05]
Jean Pierre enfatiza a importância de gostar do que faz, de gostar das pessoas com quem se está lidando e de estar aberto para ouvir. Ele menciona que há muito sofrimento psíquico e pouco cuidado possível, e que as coisas não mudaram muito, pois o que tem que mudar é a mentalidade das pessoas. Jean Pierre defende a necessidade de lugares onde as pessoas possam se internar e se afastar do mundo, e critica a desassistência de pacientes psiquiátricos na rua. Ele ressalta a importância de ter uma visão crítica do que está acontecendo e de gostar do que faz, pois, se estiver ali para ganhar dinheiro ou se projetar, não funciona.
A Sinceridade e o Amor como Elementos Essenciais no Cuidado [1:42:42]
Jean Pierre destaca a importância de ser sincero com o que se está vendo e de gostar do que faz, pois, se estiver ali para ganhar dinheiro ou se projetar, não funciona. Ele menciona que a pessoa em sofrimento psíquico percebe as coisas no ar e está observando tudo. Jean Pierre ressalta a importância de pegar as coisas que Nise da Silveira e outros falaram para gostar, aprender e tentar achar algum meio de fazer com que a vida dessas pessoas seja mais confortável.
A Singularidade da Casa das Palmeiras e a Necessidade de Acreditar nos Serviços [1:45:44]
Patrícia Fonseca afirma que o trabalho da Casa das Palmeiras é singular e inovador, sendo um lugar de resistência aos saberes que encarceram no diagnóstico. Ela destaca a necessidade de acreditar nos serviços e de ser crítico em relação a eles, buscando o que pode ser melhorado. Patrícia Fonseca menciona que a legislação é baseada na Casa das Palmeiras e que a reabilitação psicossocial é um carro chefe do CAPS. Ela ressalta a importância de acreditar que as instituições possam ser uma casa segura para as pessoas no momento de crise e de trabalhar em rede, envolvendo a saúde, a educação e o serviço social.
A Senha Existencial: Amar [1:48:31]
Patrícia menciona que Nise da Silveira propõe o conviver, Patrícia trouxe o resistir e Jean Pierre, o coexistir. Ela destaca a importância de conviver, resistir e coexistir, e que Nise da Silveira ensinou isso muito bem. Patrícia finaliza afirmando que os desdobramentos do trabalho de Nise se resumem em uma senha existencial: amar.
Convite para o Simpósio Nacional em Saúde Mental [1:48:50]
Luciana convida os participantes a participarem do primeiro simpósio nacional em saúde mental, que será realizado nos dias 20 e 21 de setembro em São Paulo. Ela menciona que o evento é único e que restam apenas 12 vagas, sendo o último dia do valor do último lote. Patrícia detalha a programação do evento, que incluirá apresentações culturais, mesas redondas e discussões sobre a história da saúde mental, a reforma psiquiátrica no Brasil, a obra de Nise da Silveira e a interlocução com outros museus.