Breve Resumo
O professor Marcelo Vítor da Rosa inicia o módulo sobre educação física escolar inclusiva, focando na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ele discute a importância de ampliar e diversificar os conteúdos, abordando as competências da BNCC e a necessidade de ir além do simples respeito às diferenças, tensionando as desigualdades. A apresentação explora abordagens pedagógicas pós-críticas, como a educação física cultural de Marcos Garcia Neira, que valoriza a heterogeneidade e a emancipação social, além de discutir outras abordagens inclusivas e a importância da acessibilidade e do protagonismo dos alunos.
- A BNCC propõe unidades temáticas como brincadeiras, jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura, visando ampliar e diversificar os conteúdos.
- A educação física cultural, baseada em teorias pós-críticas, valoriza as diferenças, a heterogeneidade e a formação de sujeitos plurais, promovendo a emancipação e a justiça social.
- A acessibilidade é um grande obstáculo para a inclusão nas práticas corporais, e é fundamental valorizar o trabalho coletivo e o protagonismo de todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência.
Apresentação do Curso e Introdução à BNCC [0:00]
O professor Marcelo Vítor da Rosa se apresenta como docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e dos programas de pós-graduação em estudos culturais e educação. Ele inicia o módulo sobre educação física escolar inclusiva, com foco na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A BNCC propõe conteúdos a partir de unidades temáticas como brincadeiras, jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura, todas no plural, indicando uma ampliação e diversificação dos conteúdos.
Competências da BNCC e a Crítica ao Respeito Hierárquico [2:07]
A BNCC trabalha com dez competências que a educação física deve desenvolver, que não são estritamente tecnicistas, mas ainda focam em habilidades. Ao exemplificar com o conteúdo de danças para o primeiro e segundo ano do ensino fundamental, o professor destaca a importância de respeitar as diferenças, incluindo gênero, raça, corpo, etnia, geração e classe social. Ele critica a ideia de respeito como hierárquica, onde quem está na norma "respeita" quem está fora, mantendo desigualdades e utilizando um discurso neoliberal de tolerância condicionada.
Abordagens Pós-Críticas e a Educação Física Cultural [4:39]
A BNCC resgata o movimento renovador pedagógico dos anos 1970-80, que questionava o militarismo e o esportivismo na educação física. O professor opta pela abordagem da educação física cultural de Marcos Garcia Neira, baseada em teorias pós-críticas, que valoriza as diferenças e a diversidade cultural. Essa abordagem não busca a homogeneização, mas sim a formação de sujeitos plurais, promovendo as diferenças como potencializadoras das relações pedagógicas, visando a emancipação e a justiça social.
Elementos da Abordagem da Educação Física Cultural [7:30]
Marcos Garcia Neira desenvolveu elementos para a abordagem pedagógica da educação física cultural, começando pelo mapeamento inicial, que envolve um diagnóstico da realidade dos alunos e seus conhecimentos prévios. O segundo ponto é a discussão teórica e a aproximação prática, que inclui a seleção de textos, discussões e rodas de conversa para ampliar a visão crítica dos alunos. O terceiro ponto é registrar as aulas por meio de diários de campo, filmagens e fotos, incorporando esses registros ao conteúdo. O planejamento coletivo, com a participação dos alunos, e a incorporação de recursos tecnológicos, como vídeos e smartphones, são incentivados. O encerramento das aulas deve valorizar o aprendizado, identificar lacunas e avaliar o processo de forma contínua.
Outras Abordagens e a Inclusão da Pessoa com Deficiência [9:37]
O professor apresenta outras abordagens pedagógicas relacionadas à inclusão da pessoa com deficiência, baseando-se na dissertação de Naiane Vieira de Lima Miaxiro. A abordagem desenvolvimentista, que preza pelo padrão de movimento, pode não ser adequada, pois nem todos conseguem atingir esse padrão. A abordagem construtivista, que foca na construção do conhecimento, e a abordagem crítico-superadora, com viés marxista, são vistas como potenciais para a inclusão. A psicomotricidade, apesar de discutir elementos psicomotores, ainda carece de estudos voltados para pessoas com deficiência na educação física escolar inclusiva.
Comunicação, Jogos Cooperativos e Saúde Renovada [11:02]
A abordagem crítico-emancipatória, que valoriza a comunicação, deve considerar a inclusão de pessoas surdas, adaptando as estratégias de diálogo. Os jogos cooperativos são interessantes pela ênfase na cooperação em vez da rivalidade. A saúde renovada prioriza a saúde em vez do rendimento esportivo, sendo também relevante para a inclusão. A palavra "inclusão" é mencionada 17 vezes na BNCC, sendo que nove vezes estão relacionadas a pessoas com deficiência.
Currículo Comum, Competências e Acessibilidade [12:00]
Apesar da tentativa da BNCC de incluir pessoas com deficiência, a ideia de um currículo comum pode levar à homogeneização, o que se distancia da inclusão. O professor destaca competências do ensino fundamental que se relacionam diretamente com a inclusão, como a discussão de preconceitos, o combate à discriminação, a participação nas aulas, o reconhecimento da identidade cultural e a prática autônoma de atividades corporais. Ele critica o capacitismo, que limita a autonomia das pessoas com deficiência, e ressalta a importância da acessibilidade como um grande obstáculo arquitetônico para a inclusão nas práticas corporais. É fundamental valorizar o trabalho coletivo e o protagonismo de todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência e outras diferenças. O professor conclui, oferecendo leituras complementares e referências para o curso.