Breve Resumo
O vídeo apresenta uma análise do pensamento e obra de Júlio Michelet, historiador francês do século XIX, com foco em sua obra "História da França" e em "O Povo". Michelet valorizava a história do povo e buscava retratar o passado de forma vívida e simbólica, criticando a historiografia tradicional que se concentrava em grandes figuras e eventos políticos. Ele defendia uma história total, que integrasse aspectos materiais e espirituais da vida social, e via a França como uma alma e uma pessoa.
- Michelet teve uma infância pobre, mas conseguiu acesso à educação e se tornou um importante historiador.
- Ele foi influenciado pela obra de Giambattista Vico, que apresentava uma visão cíclica da história.
- Michelet defendia uma história que fosse além da política e que abordasse os aspectos culturais e sociais da vida do povo.
Introdução a Júlio Michelet [0:00]
O vídeo introduz Júlio Michelet, um historiador francês do século XIX, e sua obra monumental "História da França", composta por 19 volumes escritos ao longo de 30 anos. A discussão se concentra em uma obra menor, um resumo de suas aulas no Colégio de França, que permite apreciar seu estilo de escrita e temas importantes para o autor. Michelet teve uma infância pobre e sua família sofreu perseguição política, o que influenciou sua visão da história.
Influência de Giambattista Vico [1:34]
A obra do filósofo italiano Giambattista Vico, "Ciência Nova", teve um impacto significativo em Michelet, apresentando uma visão da história que o encantou. Vico via o desenvolvimento da sociedade em fases regulares, uma concepção de história que influenciou a busca de Michelet por uma nova ciência da história, combinando história e filosofia. A história não era vista como uma série de biografias de grandes homens, mas sim como o desenvolvimento de uma sociedade afetada por suas origens e contexto.
A Experiência nos Arquivos Nacionais e o Estilo de Michelet [6:17]
Em 1830, Michelet se tornou encarregado da seção histórica dos arquivos nacionais, o que lhe proporcionou contato com fontes primárias e o levou a criticar os historiadores que se baseavam apenas em relatos publicados. Ele descreveu sua experiência nos arquivos como um contato com as almas do passado, buscando uma "ressurreição" desse passado. Sua obra "Introdução à História Universal" e, posteriormente, "História da França", refletem um tom vívido e uma imersão nas emoções do passado, buscando inspiração no romance histórico, mas com o objetivo de retratar o passado como realmente aconteceu, de forma simbólica e significativa.
Romantismo e a História do Povo [10:53]
Embora o estilo de Michelet possa ser associado ao romantismo, ele se distancia dessa corrente ao não buscar um retorno idealizado ao passado, mas sim uma compreensão do presente através do progresso da humanidade. Ele valoriza as grandes figuras como representantes do espírito do povo, mas critica a historiografia que se concentra apenas nelas, defendendo que a história é a história do povo. Michelet também critica a visão da história como uma sucessão de acasos, defendendo que ela tem um sentido, explorado através do simbólico.
Polêmicas e a Obra "O Povo" [13:38]
Michelet, republicano e anticlerical, envolveu-se em polêmicas ao criticar os jesuítas em suas aulas no Collège de France. Em 1846, em meio a essas polêmicas, surgiu sua obra "O Povo", que aborda temas como amizade, amor e pátria, com foco na ideia da França. Michelet critica a historiografia que se concentra apenas nas instituições políticas do Estado Nacional, defendendo uma história que abranja os aspectos culturais e sociais da vida do povo.
Os Últimos Anos e o Prefácio de 1869 [16:01]
Após o golpe de Napoleão Bonaparte, Michelet foi demitido de suas funções e voltou a viver na pobreza. Influenciado por sua esposa, Emília Rei, interessou-se por História Natural e escreveu sobre temas como pássaros, insetos e montanhas. Retomou a escrita da "História da França", concluindo-a em 1867. No prefácio da reedição de 1869, Michelet explica como surgiu a ideia da obra, afirmando que a França tinha anais, mas não uma história que abrangesse a totalidade de sua vida, tanto material quanto espiritual.
A Crítica aos Historiadores e a Busca por uma História Total [20:03]
Michelet critica historiadores como Sismondi por se concentrarem em aspectos políticos e não irem às fontes primárias. Ele propõe um estudo mais abrangente, que integre temas de forma integrada, buscando uma história total que vá além dos eventos políticos e aborde os aspectos culturais e sociais. Michelet é visto como um precursor da escola dos Annales, que propõe uma história das mentalidades e que vai além do político.
Raça vs. Liberdade e a Alma Nacional [23:54]
Michelet critica a obra de Henri Martin, que se baseia na noção de raça para explicar a história da França. Ele argumenta que a França se fez a si mesma e que o elemento racial é secundário, sendo a liberdade e o progresso humano os fatores essenciais. Michelet defende uma história que considere tanto os aspectos materiais quanto os espirituais, buscando a alma nacional, que é mais do que uma história do Estado Nacional moderno, mas sim uma história da pátria francesa.