HPV: SINTOMAS, TRANSMISSÃO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO (DRA. MARIA EMILIA) | Na Saúde x Na Doença 036

HPV: SINTOMAS, TRANSMISSÃO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO (DRA. MARIA EMILIA) | Na Saúde x Na Doença 036

Breve Resumo

Este podcast aborda o HPV, uma das ISTs mais prevalentes no mundo, com a Dra. Maria Emília de Barba, especialista em patologia do trato genital inferior. São discutidos os seguintes pontos chave:

  • O que é HPV e sua alta taxa de contágio.
  • A importância do sistema imunológico na eliminação do vírus.
  • Os diferentes tipos de HPV, seus riscos e tratamentos.
  • A relevância da vacinação e exames preventivos para evitar o câncer de colo do útero.

O Que é HPV? (A IST Mais Prevalente do Mundo) [1:02]

O HPV é um vírus, a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo. A chance de uma mulher se contaminar ao longo da vida é superior a 84%, e a de um homem é superior a 91%. A contaminação geralmente ocorre nos primeiros anos de vida sexual, com estudos no Brasil mostrando que 53% dos jovens sexualmente ativos entre 16 e 25 anos têm HPV.

Chance de Contaminação (84% das Mulheres) [1:13]

A probabilidade de uma mulher contrair HPV durante a vida é alta, cerca de 84%. Nos homens, essa taxa é ainda maior, atingindo 91%. A infecção geralmente ocorre logo após o início da vida sexual ativa, destacando a importância da prevenção e do conhecimento sobre o vírus.

A Maioria Elimina o Vírus (Sistema Imunológico) [1:38]

A maioria das pessoas elimina o vírus do HPV sem nem saber que teve contato. O problema surge quando a infecção persiste, aumentando o risco de lesões pré-cancerosas no colo do útero, vagina, vulva, pênis e canal anal. A eliminação ocorre quando o corpo produz anticorpos que combatem e removem o vírus.

O Perigo da Infecção Persistente [1:44]

A persistência do HPV é o principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões pré-cancerosas. Se o vírus não for eliminado pelo sistema imunológico e permanecer no organismo por anos, pode levar a problemas como câncer de colo do útero, vagina, vulva, pênis e canal anal.

Os Diferentes Tipos de HPV (Mais de 200) [3:07]

Existem mais de 200 subtipos de HPV, sendo que mais de 40 infectam o trato ginecológico. Esses subtipos são classificados em alto risco e baixo risco para câncer. Os de baixo risco, como os tipos 6 e 11, estão associados a verrugas genitais, enquanto os de alto risco podem causar lesões precursoras de câncer.

Alto Risco vs. Baixo Risco para Câncer [3:17]

Os HPVs são classificados em alto e baixo risco para o desenvolvimento de câncer. Os de baixo risco geralmente causam verrugas genitais, que são lesões benignas. Já os de alto risco podem levar a lesões pré-cancerosas e, eventualmente, ao câncer.

Tipos 6 e 11: As Verrugas Genitais (Lesões Benignas) [3:27]

Os tipos 6 e 11 de HPV são os mais comuns associados às verrugas genitais. Essas verrugas são consideradas lesões benignas e não progridem para câncer. O tratamento visa remover as verrugas e aliviar os sintomas.

Tipos de Alto Risco: Lesões Precursoras de Câncer [3:41]

Os tipos de HPV de alto risco são aqueles que podem causar lesões precursoras de câncer e, em alguns casos, o próprio câncer. A identificação e o tratamento dessas lesões são cruciais para prevenir o desenvolvimento do câncer.

Onde as Lesões Podem Aparecer? [3:51]

As lesões causadas pelo HPV podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, pênis, canal anal e orofaringe. O HPV se instala na zona de transformação, onde o epitélio glandular se transforma em epitélio escamoso, presente nessas regiões. Casos de câncer de pulmão por HPV são raros, mas possíveis devido à contiguidade com a orofaringe.

Formas de Transmissão: Contato Genital (Sem Penetração) [4:53]

O HPV é transmitido pelo contato genital, genital-genital, genital-oral ou genital-anal, não sendo necessária a penetração. Um caso citado é o de uma paciente virgem com múltiplos condilomas devido ao contato genital sem penetração.

Preservativo (Camisinha) Não Protege 100% [5:33]

O preservativo não oferece 100% de proteção contra o HPV, pois a transmissão ocorre por contato. O preservativo masculino, em particular, não cobre toda a genitália, diminuindo o risco de transmissão em mais de 60%, mas não eliminando-o completamente.

Transmissão pelo Beijo (Rara, mas Possível) [6:16]

A transmissão do HPV pode ocorrer oralmente, através do beijo, embora a chance seja de apenas 5%. A transmissão requer contato genital-genital, e não apenas secreções. Lesões no monte pubiano podem transmitir o vírus se entrarem em contato com a pele de outra pessoa.

O Papel da Imunidade (Fatores de Risco) [7:08]

A imunidade desempenha um papel crucial na progressão do HPV. Pessoas com imunidade comprometida têm maior probabilidade de desenvolver lesões. Fatores como tabagismo, imunossupressão (HIV, transplantados, uso de corticoides, drogas), diabetes e obesidade aumentam o risco de persistência do HPV.

Fatores de Risco: Fumo, Obesidade e Imunossupressão [7:26]

O tabagismo aumenta significativamente a chance de persistência do HPV e desenvolvimento de lesões. A obesidade também é um fator de imunossupressão, assim como condições como HIV, transplante, uso de corticoides e diabetes.

Anticoncepcional Oral e o Risco de Câncer de Colo [7:52]

O uso de anticoncepcional oral por mais de 10 anos aumenta em 124% o risco de câncer de colo do útero. O estrogênio presente nos anticoncepcionais orais pode aumentar a ectopia do colo do útero, tornando-o mais suscetível ao HPV e outras infecções.

DIU: O Anticoncepcional que AJUDA a Eliminar o HPV [9:24]

O DIU (Dispositivo Intrauterino) pode aumentar em 20% a taxa de eliminação do HPV, pois funciona como um corpo estranho no colo do útero, estimulando o sistema imunológico local. Estudos mostram que mulheres que usam DIU têm 50% menos chances de desenvolver câncer de colo do útero.

Sinais e Sintomas do HPV [11:21]

Os sinais e sintomas do HPV variam dependendo do tipo de lesão. As lesões benignas, como as verrugas genitais, podem se manifestar como lesões com aparência de couve-flor, pintas escuras ou lesões esbranquiçadas. Já as lesões pré-cancerosas geralmente não apresentam sintomas.

Lesões Benignas: As Verrugas (Crista de Galo) [11:28]

As verrugas genitais, também conhecidas como "crista de galo", são lesões benignas causadas pelo HPV. Elas podem aparecer como lesões com aparência de couve-flor, pintas escuras ou lesões esbranquiçadas.

Lesões Pré-Câncer NÃO Dão Sintomas [11:51]

As lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV geralmente não apresentam sintomas. Por isso, é fundamental realizar exames preventivos de rotina, como o Papanicolau ou a pesquisa de HPV, para identificar e tratar essas lesões antes que evoluam para câncer.

Sintomas do Câncer Já Instalado (Sangramento, Dor) [12:20]

Quando o câncer de colo do útero já está instalado, podem surgir sintomas como sangramento (inclusive após a relação sexual), dor e corrimento. No entanto, é importante ressaltar que esses sintomas geralmente indicam um estágio mais avançado da doença.

Tempo de Evolução: Da Infecção ao Câncer (10 a 20 Anos) [13:51]

O tempo de evolução da infecção por HPV até o desenvolvimento do câncer de colo do útero pode variar de 10 a 20 anos. Em pessoas com sistema imunológico comprometido, esse período pode ser mais curto, de 5 a 10 anos. Uma lesão de grau três (NIC 3) leva em média 10 anos para evoluir para câncer.

A Classificação das Lesões (NIC 1, 2 e 3) [14:44]

As lesões causadas pelo HPV são classificadas em três graus: NIC 1, NIC 2 e NIC 3 (Neoplasia Intraepitelial Cervical). Essa classificação indica a gravidade da lesão e o risco de progressão para câncer. NIC 1 é o grau mais leve, enquanto NIC 3 é o mais grave.

Conduta no NIC 1: Acompanhamento ou Tratamento? [15:40]

Em casos de NIC 1, a conduta pode ser o acompanhamento com Papanicolau e colposcopia a cada seis meses. A história natural do NIC 1 mostra que 47% a 57% dos casos regridem espontaneamente, 30% permanecem estáveis e 12% evoluem para lesões mais graves. Se a lesão persistir por mais de dois anos, o tratamento geralmente é recomendado.

Tratamento a Laser para Lesões de Baixo Grau (NIC 1) [16:32]

Lesões de baixo grau (NIC 1) podem ser tratadas com laser de CO2, que vaporiza e destrói a lesão. Esse tratamento é indicado principalmente quando a lesão persiste por mais de dois anos ou quando a paciente se sente ansiosa com o acompanhamento.

Tratamento para Lesões de Alto Grau (NIC 2 e 3): Cirurgia CAF [17:22]

Lesões de alto grau (NIC 2 e NIC 3) geralmente são tratadas com cirurgia de alta frequência (CAF), que remove a parte do colo do útero afetada pela lesão. Em pacientes jovens (menos de 25 anos), o tratamento com laser pode ser considerado devido à melhor imunidade.

Riscos da Cirurgia CAF na Gravidez Futura (Parto Prematuro) [19:20]

A cirurgia CAF, embora eficaz, pode aumentar o risco de trabalho de parto prematuro em gestações futuras. Esse risco aumenta em três vezes, principalmente para bebês com mais de 34 semanas. A CAF também pode aumentar o risco de ruptura prematura de membranas e baixo peso ao nascer.

Tratamento a Laser: A Vantagem de Não Mutilar [20:00]

O tratamento a laser tem a vantagem de não mutilar a vulva ou a vagina, preservando a anatomia e a função sexual da mulher. Em casos de lesões na vagina (NIVA 1, 2 e 3) e na vulva (qualquer grau), o laser é considerado o tratamento padrão ouro.

Papanicolau vs. Pesquisa de HPV: Qual a Diferença? [23:24]

O Papanicolau e a pesquisa de HPV são exames diferentes com propósitos distintos. O Papanicolau identifica células alteradas, mas não localiza a lesão. A pesquisa de HPV detecta a presença do vírus, sendo mais sensível para identificar o risco de desenvolver lesões.

A Limitação do Papanicolau (Falso Negativo) [24:20]

O Papanicolau tem uma sensibilidade de 50% a 70%, o que significa que até 30% das mulheres com lesão podem ter resultados normais. Essa é uma limitação do método, que pode levar a falsos negativos e atrasar o diagnóstico.

As Vacinas do HPV (Quadrivalente e Nonavalente) [25:30]

Existem duas vacinas contra o HPV: a quadrivalente e a nonavalente. A vacina quadrivalente, disponível no SUS, protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18. A vacina nonavalente oferece proteção adicional contra os tipos 31, 33, 45, 52 e 58, responsáveis por 90% dos casos de câncer de colo do útero.

Prevenção: O Resumo das Recomendações [30:49]

As principais recomendações para a prevenção do HPV incluem o uso de preservativo, a vacinação (idealmente antes do início da vida sexual), o controle do número de parceiros sexuais, a manutenção de hábitos saudáveis para fortalecer a imunidade e a troca do anticoncepcional oral por DIU.

A Vacina Funciona em Quem Já Tem o Vírus? [31:20]

A vacina contra o HPV não é terapêutica, ou seja, não elimina o vírus em pessoas já infectadas. No entanto, ela é recomendada para quem já teve lesão ou fez tratamento, pois diminui a chance de novas lesões e protege contra outros tipos de HPV.

Até Qual Idade se Pode Vacinar? [33:20]

A vacina contra o HPV foi testada em pessoas de 9 a 45 anos. Embora a produção de anticorpos seja menor em idades mais avançadas devido à imunossenescência, a vacinação ainda é benéfica. No SUS, a vacinação é oferecida a partir dos 9 anos, com protocolos estendidos para pessoas com HIV.

Vacinação em Homens: Benefícios Individuais e Coletivos [37:01]

A vacinação em homens é importante tanto para a proteção individual quanto para a proteção coletiva. Ao diminuir a transmissão do vírus, a vacinação masculina contribui para a redução do câncer de colo do útero em mulheres. Além disso, protege contra o câncer de canal anal, pênis e orofaringe, bem como contra as verrugas genitais.

Higiene Íntima e a Microbiota Vaginal [37:40]

Mulheres com microbiota vaginal alterada têm maior chance de desenvolver lesões por HPV. Hábitos de higiene inadequados, como duchas vaginais e uso de sabonetes íntimos, podem desregular a flora vaginal e aumentar o risco de infecções. Recomenda-se evitar lavar dentro da vagina e usar sabonete neutro na região externa.

O Impacto Psicológico do Diagnóstico (Culpa e Vergonha) [39:00]

O diagnóstico de HPV pode gerar sentimentos de vergonha e culpa nas mulheres. É importante apresentar os números e explicar que a maioria das pessoas sexualmente ativas terá contato com o vírus em algum momento da vida. A persistência do vírus está mais relacionada à imunidade do que ao número de parceiros sexuais.

HPV e Fertilidade: Influencia Mais o Homem ou a Mulher? [41:51]

O HPV parece influenciar mais a fertilidade masculina do que a feminina. Estudos mostram uma maior relação entre HPV e infertilidade em homens do que em mulheres. Nos tratamentos para mulheres, a priorização da cirurgia de alta frequência acima dos 25 anos visa preservar a fertilidade.

Riscos para o Bebê Durante a Gestação e o Parto [42:35]

Existe risco de transmissão vertical do HPV (de mãe para filho) durante a gestação e o parto, sendo maior no parto normal do que na cesárea. No entanto, a cesárea só é indicada se houver muitas verrugas obstruindo o canal de parto. A maioria dos bebês que se contaminam elimina o vírus nos primeiros seis meses de vida. O principal risco para o bebê é o desenvolvimento de verrugas nas cordas vocais (papilomatose laríngea), uma doença rara, mas grave.

NIC 3: Qual a Urgência do Tratamento? [45:20]

Em casos de NIC 3, o tratamento deve ser realizado o mais rápido possível. Não há como saber há quanto tempo a lesão está presente, e o Papanicolau pode apresentar falsos negativos. O tempo máximo recomendado para iniciar o tratamento é de seis meses.

Recuperação da Cirurgia de CAF [46:58]

A recuperação da cirurgia de CAF é geralmente rápida e simples. Recomenda-se esperar 30 dias para ter relação sexual. Pode haver um leve sangramento ou corrimento amarronzado, mas a dor não é comum.

É Preciso Avaliar o Parceiro? [47:28]

É importante avaliar o parceiro para verificar se ele apresenta alguma lesão. Recomenda-se uma peniscopia para identificar possíveis lesões. Em casos de verrugas genitais, o parceiro deve evitar depilação com gilete ou máquina, pois isso pode causar microcortes e favorecer o retorno das lesões.

Suplementos e Vitaminas que Ajudam a Eliminar o Vírus [48:36]

Além do tratamento da lesão e da vacinação, alguns suplementos e vitaminas podem ajudar no processo de eliminação do vírus, como zinco, selênio, vitamina D, ácido fólico e B12. No entanto, eles são coadjuvantes e não substituem o tratamento principal.

Câncer de Colo de Útero: Um dos que Mais Mata Mulheres Jovens [52:03]

O câncer de colo do útero é um dos que mais mata mulheres jovens em idade reprodutiva. Ele é o terceiro ou quarto câncer mais prevalente em mulheres, dependendo da região.

Uma Mortalidade Evitável com Prevenção e Rastreio [52:40]

A mortalidade por câncer de colo do útero é evitável com prevenção e rastreio adequados. A Organização Mundial da Saúde estabeleceu três pilares para erradicar o câncer de colo do útero: vacinação, rastreio e tratamento das lesões precursoras.

Recado Final para as Mulheres [57:00]

Ter HPV não é uma doença, mas sim um marcador de risco. Se o teste der positivo para HPV, procure um ginecologista para realizar exames complementares, como colposcopia e vulvoscopia, e decidir o melhor tratamento para o seu caso.

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Date: 11/14/2025 Source: www.youtube.com
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