Breve Resumo
O vídeo narra a história trágica de Canudos, um arraial no sertão da Bahia liderado por Antônio Conselheiro, que se tornou um Brasil alternativo para milhares de desvalidos. A comunidade prosperou com trabalho coletivo e autossuficiência, mas despertou a desconfiança e a hostilidade das elites republicanas. O conflito escalou devido a um mal-entendido comercial e à resistência de Canudos aos impostos republicanos, culminando em uma série de expedições militares brutais. Apesar da resistência heroica, Canudos foi dizimado, resultando em um massacre de 25 mil pessoas. A história ganhou dimensão épica através do livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha, que denunciou o crime e imortalizou a luta de Canudos.
- A história de Canudos, um arraial que se tornou um Brasil alternativo.
- O conflito entre Canudos e a República, marcado por deslealdade comercial e resistência a impostos.
- A brutalidade das expedições militares e o massacre de 25 mil pessoas.
- A importância de "Os Sertões" de Euclides da Cunha como denúncia e registro histórico.
Introdução: Canudos e a Tragédia Brasileira
O vídeo começa com uma reflexão sobre a história de Canudos, um dos episódios mais trágicos do Brasil, que resultou na obra-prima literária "Os Sertões" de Euclides da Cunha. A história se desenrola no sertão da Bahia, um cenário de crise generalizada marcada pela decadência dos engenhos, o fim da escravidão e a terrível seca de 1878, que ceifou a vida de 100 mil pessoas apenas no Ceará.
Antônio Conselheiro: De Perdedor a Líder Místico
Nesse contexto de desespero, surge Antônio Conselheiro, um nômade que antes era conhecido como Antônio Maciel. Fracassado em diversas áreas, como professor e vendedor, e abandonado pela esposa, ele se transforma em uma figura messiânica, um "cangaceiro místico" que percorre o sertão e atrai milhares de seguidores. Conselheiro prega a reconstrução de cemitérios, a pintura de igrejas e uma vida de meditação e ascetismo, reunindo cerca de oito mil fiéis em 1890.
O Arraial de Canudos: Uma Utopia Evangélica
Antônio Conselheiro encontra um refúgio em uma fazenda abandonada chamada Monte Belo, que logo se transforma em Canudos. O arraial se torna um "outro Brasil", uma utopia evangélica com mais de cinco mil casas e 20 mil habitantes. A comunidade adota um sistema de roças coletivas, plantando milho, mandioca e feijão, e cria cabras para subsistência. Canudos prospera, exportando couro de cabra para os Estados Unidos e se tornando autossuficiente à margem do poder central.
O Conflito Começa: A Questão da Madeira e a Afronta Republicana
A harmonia de Canudos é abalada quando, em 1895, Conselheiro compra madeira para construir uma igreja maior, mas a entrega não é realizada. Os seguidores exigem a madeira, gerando um conflito em Juazeiro, a maior cidade do norte da Bahia. A elite local reage, enviando uma força policial para enfrentar os sertanejos, resultando em um confronto com 150 mortos do lado de Canudos e dez soldados. O incidente é considerado uma afronta ao exército nacional, especialmente porque Conselheiro já havia rasgado panfletos republicanos e se declarado monarquista devido à separação entre Igreja e Estado e à cobrança de impostos.
As Expedições Militares: Humilhação e Derrota do Exército
A resposta do governo republicano é enviar expedições militares para atacar Canudos. A primeira, em novembro de 1896, com 583 soldados liderados pelo Tenente Febrônio, é derrotada pelos sertanejos, que emboscam a tropa e tomam suas armas. O escândalo chega ao Rio de Janeiro, e o presidente Prudente de Morais, criticado pela imprensa, envia o Coronel Moreira César, conhecido por sua brutalidade e sanha repressor, com 1.500 homens e seis canhões para "destruir" Canudos.
A Morte de Moreira César e a Escalada da Violência
Moreira César, confiante na vitória, declara "Vamos almoçar em Canudos". No entanto, ele sofre um ataque epilético e, em seguida, ordena um ataque com baionetas, subestimando a resistência dos sertanejos. A tropa de Moreira César é dizimada em um labirinto de ruelas, e o próprio coronel é ferido e agoniza por 12 horas antes de morrer. A derrota humilhante do exército causa comoção no Rio de Janeiro, e a pressão popular exige a destruição completa de Canudos.
O Massacre Final: A Destruição de Canudos e a Denúncia de Euclides da Cunha
Em agosto de 1897, o próprio Ministro da Guerra, Marechal Carlos Bittencourt, lidera uma nova expedição a Canudos, acompanhado pelo jornalista Euclides da Cunha. Cunha, inicialmente com a visão de documentar o fim de uma insurreição monarquista, percebe a realidade do conflito: um massacre de um Brasil de elites contra um Brasil de pobres e miseráveis que encontraram uma forma alternativa de vida. Após a morte de Antônio Conselheiro em 22 de setembro de 1897, o arraial é atacado com o canhão "A Matadeira", resultando na morte de 25 mil pessoas. A cabeça de Conselheiro é cortada e enviada para o cientista Nina Rodrigues para estudos.
Conclusão: A Imortalidade de Canudos e a Urgência da Mudança
O conflito de Canudos ganha dimensão épica com o livro "Os Sertões" de Euclides da Cunha, que denuncia o crime e imortaliza a história. Apesar da tragédia, o Brasil ainda não mudou o suficiente para conviver em harmonia com seus diferentes "Brasis". O vídeo termina com um convite à leitura de "Os Sertões" e à reflexão sobre a história de Canudos.