Breve Resumo
Este episódio final da série do podcast Inteligência Financeira explora o impacto da política de tarifas de Donald Trump na China e as implicações para o Brasil e o mundo. O economista-chefe da Itaú Asset, Thomas Wu, compartilha suas perspectivas sobre a confiança da China em enfrentar os desafios econômicos, a estratégia geopolítica do país e o futuro do consumo impulsionado pela tecnologia. Ele também discute como os investidores podem se posicionar para o futuro, considerando as mudanças no cenário global.
- A China vê a disputa comercial com os EUA como uma oportunidade geopolítica para reafirmar sua posição global.
- O futuro do consumo pode ser impulsionado por robôs chineses acessíveis e multifuncionais.
- Commodities e empresas de commodities podem servir como reserva estratégica de valor em um mundo incerto.
Introdução [0:00]
Renato Jaquitas apresenta o quarto e último episódio da série sobre os 100 primeiros dias do segundo mandato de Donald Trump, desta vez com foco na China e suas reações às tarifas impostas pelos Estados Unidos. O convidado é Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, que acabou de retornar da China e traz suas impressões sobre o cenário atual.
Quem é Thomas Wu? Trajetória no Itaú Asset [1:25]
Thomas Wu é apresentado como economista-chefe da Itaú Asset, com experiência prévia na Verde Asset Management e Ventor Capital. Sua formação acadêmica inclui mestrado e doutorado em economia pela PUC-Rio e Universidade de Princeton, respectivamente. Ele também foi professor na Universidade da Califórnia em Santa Cruz por nove anos.
Trump vs Xi Jinping: Novo Embate das Tarifas [3:11]
Thomas Wu concorda que a disputa é focada na China, diferente da agenda inicial de reindustrialização dos EUA. Ele explica que as tarifas iniciais visavam trazer empregos de volta aos EUA, mas a queda da bolsa americana fez Trump mudar o foco para a China, com apoio da sociedade americana preocupada com o domínio global.
China: Confiança e Estratégia Geopolítica [6:45]
Wu relata um sentimento de confiança na China em relação à capacidade de enfrentar os problemas impostos pelas tarifas. A China vê a situação como uma oportunidade geopolítica para se fortalecer e ocupar o vácuo deixado pelos Estados Unidos, buscando fortalecer laços com outros países e se reposicionar como centro da civilização. Apesar do superávit comercial gigantesco, a China está sendo comedida em seus estímulos fiscais, preparando-se para uma guerra longa e buscando se reorganizar para sair mais forte.
O Futuro do Consumo: O Robô Chinês [10:25]
A China está investindo em produtos de alta qualidade e tecnologia, buscando criar produtos únicos e acessíveis, como robôs multiuso. Wu acredita que o futuro do consumo será impulsionado por robôs chineses, que estarão presentes em todos os lares, realizando tarefas complexas e acessíveis. Ele compara a capacidade de inovação dos EUA com a habilidade da China em escalar e tornar produtos acessíveis.
Carros Autônomos e Inteligência Artificial [14:25]
Wu compartilha experiências com carros autônomos na China, destacando o avanço tecnológico e a legislação local. Ele menciona que a China está perto de desenvolver robôs com "pinça fina", capazes de realizar tarefas delicadas, e que esses robôs serão chineses devido à capacidade de produção e escala do país.
China Buscando Novos Mercados Consumidores [21:19]
A China busca novos mercados consumidores para compensar a perda de espaço nos Estados Unidos, mirando no Sudeste Asiático, América Latina e até mesmo na Índia. Xi Jinping alertou para que outros países não façam acordos comerciais com os EUA em detrimento da China. A produção chinesa é gigantesca e pode inundar o mundo com produtos, gerando um novo choque generalizado.
O Impacto Global das Commodities [25:22]
A Europa demonstra preocupação com a inundação de produtos chineses, especialmente no setor automotivo. A China busca se posicionar como fornecedora de produtos "China only", que só podem ser encontrados no país. O mundo intensivo em robôs e carros elétricos demandará muitas commodities, o que pode ser vantajoso para o Brasil.
Cultura Chinesa e o Desafio do Consumo Interno [27:05]
O consumidor chinês é diferente do americano e europeu, consumindo menos e poupando mais. A cultura chinesa é avessa à dívida, e o governo tenta estimular o consumo interno. A lei do filho único também impacta a pirâmide demográfica, com um indivíduo tendo que cuidar de dois pais e quatro avós. Robôs podem aumentar a capacidade produtiva e gerar um clima de abundância, incentivando o consumo.
O Brasil na Disputa Global: Ameaça ou Oportunidade? [36:42]
Wu acredita que, no curto prazo, os EUA têm mais a perder na guerra comercial, mas a China pode se fortalecer no médio e longo prazo. Ele destaca a importância de o Brasil focar em suas vantagens comparativas, como a produção de commodities, e evitar ser obrigado a escolher um lado na disputa entre EUA e China. O Brasil pode se beneficiar da demanda chinesa por commodities, abrindo oportunidades para empresas locais.
Commodities como Reserva Estratégica de Valor [48:30]
Commodities podem servir como reserva de valor em um mundo incerto, assim como o dólar. Wu sugere diversificar o portfólio, investindo em commodities e empresas de commodities, além de moedas de países exportadores de commodities. Ele explica que, desde a invasão da Ucrânia, as pessoas têm buscado ativos reais como forma de proteção.
A Nova Geopolítica Financeira: O Mundo Pós-Tarifas [51:00]
Wu discute a importância de considerar a China como uma potência econômica em ascensão e investir em empresas chinesas. Ele menciona que a inovação está se movendo para outros lugares além dos EUA, com muitos chineses retornando ao país. Ele sugere exposição via ETFs ou fundos que investem na bolsa chinesa.
Montando a Carteira de Investimentos para o Futuro [55:31]
A carteira do futuro deve incluir S&P 500, empresas americanas, empresas chinesas e empresas relacionadas à China via commodities. A Europa enfrenta desafios demográficos e de competitividade, mas pode se reinventar em serviços e tecnologia. A área de defesa pode ser uma saída para a Europa, com investimentos em armamento.
O Lugar da Europa no Novo Cenário Mundial [59:08]
A Europa enfrenta desafios demográficos e de competitividade, especialmente a Alemanha. Eles estão tentando se reinventar em serviços e tecnologia. A área de defesa pode ser uma saída para a Europa, com investimentos em armamento.
Considerações Finais para Investidores [1:02:57]
Wu reitera que o mundo nos próximos 20 anos será bipolar economicamente, com China e EUA como polos. Ele recomenda ter exposição à Ásia, commodities e ativos reais. O grande risco é ser forçado a escolher lados na disputa entre EUA e China. O melhor cenário é uma resolução gradual da guerra econômica, com um mundo com dois polos.