Breve Resumo
Este vídeo é um documentário sobre a vida e o legado de Maria Aragão, uma figura importante na história do Maranhão e do Brasil. O vídeo aborda sua infância, educação, militância política no Partido Comunista Brasileiro, sua atuação como médica e defensora dos direitos das mulheres e dos trabalhadores, sua prisão durante a ditadura militar e sua participação em movimentos sociais e políticos após a anistia. O documentário também explora o legado de Maria Aragão através do Instituto Maria Aragão e de homenagens prestadas a ela em vida e após sua morte.
- Infância e educação marcadas pela pobreza e pela determinação em estudar.
- Atuação como médica e defensora dos direitos das mulheres e dos trabalhadores.
- Militância política no Partido Comunista Brasileiro e luta contra a ditadura militar.
- Legado de luta por justiça social e igualdade.
Infância e Origens Familiares [0:00]
Margarida Maria Esperança, conhecida como Maria Aragão, nasceu em 10 de fevereiro de 1910, em um dia de carnaval. Seu pai era descendente de africanos escravizados e trabalhava como guarda-fios dos telégrafos, enquanto sua mãe era analfabeta, bonita e voluntariosa. Maria herdou a força de vontade da mãe, que, apesar das dificuldades financeiras, sempre incentivou os filhos a estudar para superar a fome. A família enfrentava dificuldades financeiras, com períodos de fartura seguidos de escassez, o que levava a mãe a preparar mingau de farinha seca para alimentar os filhos.
Educação e Desafios [2:56]
Maria estudou no Liceu Maranhense, onde se destacou nos estudos. Na época, a maioria das meninas se preparava para ser professora, mas Maria sonhava em estudar medicina. No entanto, a discriminação contra as mulheres era grande e o curso normal não dava acesso ao vestibular. Maria conseguiu concluir o curso ginasial em dois anos, através de uma lei que permitia que jovens com 17 anos fizessem o curso em menor tempo.
Estudos de Medicina e Envolvimento Político [4:58]
Maria Aragão ingressou na faculdade de medicina, onde enfrentou dificuldades por precisar trabalhar para se manter. No Rio de Janeiro, ela conheceu maranhenses comunistas que estavam na Ilha Grande e os ajudava, levando-os ao hospital e pedindo ajuda aos seus professores. Apesar de ajudar os comunistas, Maria não se envolveu politicamente nesse período.
A Morte da Filha e a Mudança para a Ginecologia [7:38]
Maria engravidou e teve uma filha chamada Clarice, enquanto estava no último ano da faculdade. No entanto, Clarice morreu durante uma epidemia de disenteria bacilar, o que causou um grande trauma em Maria. Após a morte da filha, Maria não conseguiu mais trabalhar com crianças e decidiu se especializar em ginecologia no Hospital Miguel Couto.
Entrada para o Partido Comunista [8:58]
No hospital, Maria se interessou pelos problemas das pessoas, especialmente as mais pobres. Uma colega médica a convidou para assistir a um discurso de Luís Carlos Prestes, que havia retornado da Europa. Maria se sentiu influenciada pelas palavras de Prestes e decidiu entrar para o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Atuação no Partido Comunista no Maranhão [11:49]
Prestes reconheceu o potencial de Maria e a enviou para o Maranhão para dirigir o PCB no estado. Uma das principais tarefas de Maria foi a criação da Tribuna do Povo, um jornal que denunciava os problemas da população e os conflitos de terra no interior. Maria também se engajou na luta dos camponeses, defendendo seus direitos e combatendo a exploração.
Oposição e Casamento [14:15]
A atuação de Maria no Maranhão gerou forte oposição, especialmente do clero, que a atacava e a difamava. Para desmentir as acusações de que era uma "prostituta", Maria decidiu se casar. Ela também incentivava as mulheres a pensarem em si mesmas e a se cuidarem, tanto na higiene pessoal quanto nas relações sexuais.
Congresso de Trabalhadores e Luta pela Terra [16:59]
O PCB organizou um congresso de trabalhadores, incluindo trabalhadores do campo, e Maria trabalhou na organização da associação dos trabalhadores agrícolas do Maranhão. Ela enfrentou a oligarquia de Vitorino Freire, que dominava o estado e reprimia os movimentos sociais.
Conflito Social e Viagem à União Soviética [18:09]
Em 1951, houve um conflito social em São Luís devido à imposição do governador Eugênio Barros, que não havia sido eleito. Maria explicava ao povo a posição da classe dominante e seus interesses. Em meio a problemas internos no partido, Maria foi surpreendida com uma indicação para viajar à União Soviética, onde passou um ano e três meses. A experiência foi marcante, pois ela pôde vivenciar o socialismo na prática, com educação e saúde gratuitas e um povo alegre.
Trabalho no Centro de Saúde do Anil [20:50]
Após retornar ao Brasil, Maria começou a trabalhar no Centro de Saúde do Anil, onde revolucionou o atendimento, investindo na equipe multidisciplinar e realizando palestras na comunidade sobre saneamento básico e prevenção de doenças. Ela também organizou grupos e associações para fortalecer a participação popular.
Golpe Militar e Prisão [22:13]
O golpe militar de 1964 pegou o PCB de surpresa. Maria foi presa e levada para o quartel da polícia militar, onde, apesar da prisão, conquistou o respeito dos policiais, oferecendo conselhos e cuidados médicos. A resistência à ditadura no Maranhão foi sufocada, com a desarticulação do PC do B e a repressão aos trabalhadores.
Atividades Partidárias e Trabalho como Médica [25:16]
Após ser solta, Maria continuou atuando no PCB, vendendo jornais e participando da reorganização do partido. Em 1970, conseguiu um emprego como médica do estado, trabalhando em postos de saúde e atendendo a população carente. Ela também mantinha um consultório particular, onde cobrava valores simbólicos das mulheres trabalhadoras e oferecia apoio e aconselhamento, inclusive sobre questões feministas.
Prisão e Tortura Durante a Ditadura [29:15]
Maria foi presa novamente durante a ditadura militar e levada para Fortaleza, onde foi torturada, mesmo com idade avançada. Após ser libertada, enfrentou dificuldades para conseguir emprego, mas foi acolhida por Djalma Maranhão, que a levou para trabalhar em Alenquer, no Pará.
Criação do Grupo 8 de Março e Associação de Mulheres Médicas [30:28]
Maria participou da criação do grupo 8 de Março, uma organização de mulheres ligada a tendências partidárias, e da associação de mulheres médicas, onde defendia a saúde da mulher e uma postura mais política das médicas.
Luta pela Anistia e Reorganização das Forças Democráticas [31:29]
Maria Aragão teve um papel fundamental na reorganização das forças democráticas de esquerda no Maranhão, a partir do final dos anos 70, através da luta pela Anistia.
Oposição à Implantação da Alcoa [32:57]
Maria participou ativamente da oposição à implantação da Alcoa, uma usina de alumínio em São Luís, liderando uma frente ampla que reunia diversos partidos e movimentos sociais.
Rompimento com o PCB e Apoio a Brizola [34:25]
Maria Aragão divergiu da direção central do PCB e rompeu com o partido, seguindo Luís Carlos Prestes. Posteriormente, filiou-se ao PDT e apoiou Leonel Brizola para a presidência, por acreditar em sua experiência e coragem na defesa da democracia.
Aproximação com Artistas e Escola de Samba [38:55]
Maria se aproximou de artistas e incentivou a escola de samba Turma da Favela a criar um enredo sobre sua vida, reconhecendo a importância da cultura e da arte na luta por um mundo mais justo.
Morte de Prestes e Homenagens [41:30]
A morte de Luís Carlos Prestes foi um golpe duro para Maria, mas ela continuou sua luta. Maria Aragão faleceu e foi homenageada na Assembleia Legislativa do Maranhão.
Criação do Instituto Maria Aragão [43:45]
Após a morte de Maria, foi criado o Instituto Maria Aragão, com o objetivo de dar continuidade ao seu legado e projetar suas ideias para as novas gerações. O instituto promove cursos de formação e homenageia Maria em suas atividades.
Legado e Inspiração [45:28]
Maria Aragão deixou um legado de luta por justiça social, igualdade e dignidade. Sua história inspira a enfrentar adversidades e a lutar por um mundo melhor, com coragem, resistência e coerência. Seu ideal socialista continua a inspirar a luta por uma sociedade libertária e fraterna.