Breve Resumo
Esta aula aborda o método para conduzir entrevistas diagnósticas em psicopatologia com excelência. A aula inclui duas demonstrações (role-plays) - uma de entrevista diagnóstica e outra de diagnóstico compartilhado. A aula também destaca a importância do vínculo, comprometimento cognitivo do paciente e recorte de tempo na entrevista.
- A aula enfatiza a importância do vínculo na entrevista diagnóstica e como ele pode afetar o relato do paciente.
- A aula também discute o impacto do comprometimento mental ou cognitivo do paciente no relato e a necessidade de buscar informações de outras pessoas em casos de comprometimento.
- A aula destaca a importância do tempo e do recorte que o paciente faz na consulta, enfatizando que o diagnóstico não deve ser feito em uma única sessão.
Introdução [3:04]
Fernanda Landeiro inicia a aula da semana da psicopatologia, a quarta aula, sobre o método para conduzir entrevistas diagnósticas em psicopatologia com excelência. Ela menciona que a aula terá duas demonstrações (role-plays) - uma de entrevista diagnóstica e outra de diagnóstico compartilhado. Ela também destaca a importância do vínculo, comprometimento cognitivo do paciente e recorte de tempo na entrevista.
Vínculo [12:53]
Fernanda explica que o vínculo é essencial para uma boa entrevista diagnóstica, pois influencia diretamente o relato do paciente. Ela destaca que um bom vínculo facilita a entrevista e a avaliação, enquanto um vínculo fraco pode comprometer o processo. Ela menciona que o ambiente da entrevista, a duração, a disposição espacial e a privacidade também influenciam o vínculo. Fernanda também aborda a importância da autenticidade, empatia e segurança na construção do vínculo. Ela sugere usar frases que expressem qualificação, reforço, compreensão, compaixão e encorajamento para fortalecer o vínculo.
Comprometimento Cognitivo [22:35]
Fernanda explica que o grau de comprometimento mental ou cognitivo do paciente afeta a fidedignidade do relato. Ela destaca que alterações nas funções psíquicas podem prejudicar o relato do paciente, tornando necessário buscar informações de familiares, amigos e parentes. Ela menciona a importância de avaliar o eixo longitudinal (biografia) e o eixo transversal (fotografia do momento) do paciente, incluindo o exame do estado mental. Fernanda também destaca a importância de entender as funções psíquicas elementares e compostas, que foram explicadas na aula de terça-feira. Ela explica que alterações em funções como juízo de realidade, memória e pensamento podem prejudicar o relato do paciente.
Tempo [26:47]
Fernanda explica que o tempo é um fator crucial na entrevista diagnóstica, pois o paciente tem um tempo limitado para contar sua história. Ela destaca que o diagnóstico não deve ser feito em uma única sessão, pois o paciente pode ter muitas demandas e a história pode ser dolorosa. Ela enfatiza que o objetivo é entender a história do paciente e faz uma analogia com o trabalho de um delegado de polícia, alertando para a importância de não pressionar o paciente por informações.
Semiotécnica e Semiologia [30:08]
Fernanda explica que a entrevista diagnóstica é uma mistura de técnica e arte, e que a semiotécnica e a semiologia são essenciais para um bom entrevistador. Ela destaca a importância do conhecimento sobre os fenômenos em psicopatologia, o exame do estado mental e a nozologia. Ela explica que a entrevista diagnóstica envolve a coleta de indícios, a identificação de sintomas, a realização de triagens e a elaboração de hipóteses diagnósticas.
Fases da Entrevista [36:06]
Fernanda descreve as fases da entrevista diagnóstica, começando com o aquecimento e o entendimento do problema do paciente. Ela destaca a importância do vínculo, da empatia, da autenticidade e da postura de liderança do entrevistador. Ela também menciona a importância de saber fazer perguntas e realizar o exame do estado mental, que inclui observação da aparência, psicomotricidade, fala, humor, afeto, orientação, memória e julgamento crítico do paciente.
Tipos de Entrevista [44:00]
Fernanda explica os diferentes tipos de entrevista: aberta, estruturada e semiestruturada. Ela destaca as vantagens e desvantagens de cada tipo e quando cada um é mais adequado. Ela menciona que a entrevista aberta permite mais liberdade para o paciente, mas pode dificultar a obtenção de informações relevantes. A entrevista estruturada, por outro lado, aumenta a confiabilidade, mas pode prejudicar a colaboração do paciente. A entrevista semiestruturada, que é a mais comum na prática clínica, oferece flexibilidade e permite que o entrevistador se adapte às necessidades do paciente.
Regra de Ouro [48:53]
Fernanda apresenta a regra de ouro da psicopatologia, que define o tipo de entrevista mais adequado para diferentes pacientes. Ela explica que para pacientes organizados, com inteligência dentro do normal e sem quadro psicótico, entrevistas abertas ou semiestruturadas são mais adequadas. Para pacientes desorganizados, com quadro psicótico ou déficit cognitivo, entrevistas mais estruturadas são recomendadas. Ela também destaca a importância de iniciar a entrevista com perguntas neutras para pacientes tímidos, ansiosos ou psicóticos, e de abordar temas mais sensíveis gradualmente.
10 Passos da Entrevista [51:34]
Fernanda apresenta os 10 passos para a entrevista em psicopatologia, divididos em dois grupos: a entrevista/anamnese e o exame do estado mental. Ela destaca a importância de cada passo e demonstra na prática como aplicar cada um deles.
Entrevista Inicial vs. Avaliação Psicológica [52:12]
Fernanda esclarece a diferença entre entrevista inicial e avaliação psicológica. Ela explica que a entrevista inicial é feita no contexto da clínica, hospital ou CAPS, com o objetivo de coletar dados para o diagnóstico e tratamento. A avaliação psicológica, por outro lado, é um processo estruturado que visa a emissão de um documento psicológico (laudo, relatório ou parecer). Ela destaca que ambas podem incluir testagem, mas têm objetivos diferentes.
Demonstração da Entrevista [57:52]
Fernanda realiza uma demonstração prática da entrevista diagnóstica com a psicóloga Juliana Castro, que assume o papel de uma paciente. A demonstração aborda os 10 passos da entrevista, incluindo a coleta de dados sociodemográficos, a história pessoal, a história do problema atual, o histórico de transtornos mentais, a história do desenvolvimento infantil, a avaliação do humor, do pensamento, do comportamento, do risco de suicídio, o resumo e a formulação preliminar do diagnóstico.
Diagnóstico Compartilhado [2:35:00]
Fernanda realiza uma segunda demonstração (role-play) de diagnóstico compartilhado, onde Juliana Castro assume o papel de uma paciente que já passou pela entrevista inicial. Fernanda compartilha o diagnóstico de transtorno da personalidade borderline com a paciente, abordando os mitos e estigmas associados ao transtorno. Ela explica o conceito de personalidade, os transtornos de personalidade e as características do transtorno da personalidade borderline.
Dicas Práticas [2:20:38]
Fernanda oferece dicas práticas do que fazer e do que não fazer em uma entrevista diagnóstica. Ela destaca a importância de ter uma visão geral da vida do paciente, estar presente durante a entrevista, evitar uma postura julgadora, entender os sintomas em detalhes, não seguir uma ordem cronológica, usar perguntas abertas e fazer perguntas para esclarecer detalhes. Ela também alerta para a importância de não ser muito neutro ou rígido, de não anotar excessivamente, de não deixar que o paciente tome o controle da entrevista, de não ser defensivo com pacientes irritados, de não ignorar os relatos de sofrimento, de não usar a entrevista como uma lista de verificação e de não ler os sintomas do DSM para o paciente.
Mentira na Entrevista [2:28:28]
Fernanda aborda a questão da mentira na entrevista diagnóstica, explicando que a mentira pode ter várias causas e que é importante entender a função, a frequência e a intensidade da mentira. Ela menciona que a mentira pode estar associada a transtornos de personalidade, transtorno por uso de substâncias, jogo patológico e transtorno factício. Ela também oferece dicas de como lidar com a mentira, como pedir para o paciente repetir a informação, ignorar a mentira temporariamente, confrontar as informações de forma gentil e evitar acusações.
Conclusão [3:05:14]
Fernanda finaliza a aula com uma mensagem sobre a importância da humanidade na entrevista diagnóstica. Ela destaca que, além das técnicas e procedimentos, é fundamental acolher o paciente, olhar nos olhos, mostrar empatia e lembrar que o paciente é uma pessoa em sofrimento. Ela enfatiza que o objetivo é construir um vínculo com o paciente e ajudá-lo a se sentir acolhido, compreendido e ouvido.