Breve Resumo
Este vídeo de Fernanda Landeiro discute quem serão os psicólogos insubstituíveis na era da inteligência artificial (IA). Ela divide esses profissionais em três categorias: aqueles que usam a IA corretamente, os que sabem se posicionar e os que entregam resultados eficazes. O vídeo também aborda quais abordagens da psicologia são baseadas em evidências (PBE), desmistificando mitos e explicando as diferenças entre TCC clássica, análise do comportamento, DBT e ACT. Além disso, Fernanda explora como escolher a abordagem certa e como os modelos transdiagnósticos podem complementar os protocolos tradicionais.
- Psicólogos insubstituíveis usam IA para otimizar tempo e aprimorar habilidades clínicas.
- Posicionamento eficaz envolve psicoeducação e conteúdo embasado em ciência.
- Entrega de resultados requer conhecimento das abordagens PBE e adaptação às necessidades do paciente.
Introdução [3:55]
Fernanda Landeiro dá as boas-vindas à terceira aula da semana da PBE, enfatizando a importância do conteúdo para o futuro profissional dos psicólogos. Ela recapitula brevemente as aulas anteriores, que abordaram o impacto da inteligência artificial na prática clínica e os psicólogos que podem ficar para trás nesta nova era. Fernanda destaca que o tema da aula de hoje é sobre os psicólogos insubstituíveis na era da IA e menciona que as aulas sairão do ar em breve, incentivando os espectadores a assistirem durante o fim de semana. Ela também informa sobre a chance de ganhar uma bolsa de estudos, um ingresso para um evento presencial e um kit especial de livros para quem participar ativamente das aulas e da comunidade no WhatsApp.
Características dos Psicólogos Insubstituíveis [8:53]
Fernanda explica que os psicólogos insubstituíveis possuem três características principais. Primeiro, eles sabem usar a IA do jeito certo, otimizando tarefas administrativas e aprimorando suas habilidades profissionais. Uma masterclass exclusiva sobre IA será oferecida para auxiliar os psicólogos nessas tarefas. Segundo, esses psicólogos sabem se posicionar, educando o público sobre psicoterapia e compartilhando conteúdo embasado em ciência nas redes sociais. Fernanda anuncia que seu time de conteúdo ajudará os alunos a produzirem conteúdo para o Instagram. Terceiro, eles entregam resultados eficazes, utilizando a melhor ciência disponível, incluindo a psicologia baseada em evidências (PBE).
Abordagens da Psicologia Baseadas em Evidências (PBE) [18:53]
Fernanda discute quais abordagens se encontram dentro do hall da PBE, esclarecendo que a PBE não é uma abordagem fixa, mas sim uma lente para avaliar práticas. Ela menciona a TCC clássica, a análise do comportamento, a terapia comportamental dialética (DBT) e a terapia da aceitação e compromisso (ACT) como abordagens dentro do guarda-chuva das TCCs. Ela explica que as terapias cognitivo-comportamentais são um guarda-chuva que abriga várias abordagens baseadas em evidências, incluindo abordagens cognitivas e comportamentais.
Análise do Comportamento e TCC Clássica [21:17]
Fernanda explica que a análise do comportamento, cujo pai é Skinner, é o padrão ouro para autismo, conhecida como ABA (análise do comportamento aplicada). A TCC clássica, desenvolvida por Aaron Beck, apresenta o maior nível de evidência para a maioria dos transtornos mentais e se baseia na premissa de que somos influenciados pela forma como pensamos, não pelas situações em si. A TCC é considerada o padrão ouro para depressão, transtornos de ansiedade, esquizofrenia, TOC, fobias, ansiedade social, bipolar e TDAH.
ACT e DBT [25:04]
Fernanda explica que a ACT (terapia da aceitação e compromisso), desenvolvida por Steven Hayes, incorpora princípios como mindfulness e aceitação para promover a flexibilidade psicológica. A ACT tem boas evidências de eficácia para dor crônica e está sendo estudada para luto prolongado. A DBT (terapia comportamental dialética), criada por Marsha Linehan, é padrão ouro para o transtorno de personalidade borderline e vem sendo estudada para ideação suicida, transtornos alimentares e uso de substâncias.
Discussão sobre as Abordagens e Ecletismo Teórico [29:33]
Fernanda menciona que Judith Beck considera a DBT e a ativação comportamental como formas de terapia cognitivo-comportamental derivadas da teoria de Aaron Beck. Ela expressa sua concordância com essa visão, afirmando que a psicologia tem produzido pouca inovação desde a criação da TCC. Fernanda critica a divisão entre análise do comportamento e TCC no Brasil, defendendo a ideia de um guarda-chuva das terapias cognitivo-comportamentais. Ela desencoraja o ecletismo teórico, enfatizando que o objetivo é tratar o paciente da forma mais eficaz possível.
Padrão Ouro vs. Evidências de Eficácia [40:59]
Fernanda explica os conceitos de "padrão ouro" e "evidências de eficácia". Padrão ouro é o tratamento comprovado cientificamente como o melhor para um transtorno, enquanto evidências de eficácia se referem a dados de estudos que demonstram que certas abordagens são efetivas. Ela usa o exemplo da DBT para transtorno de personalidade borderline como padrão ouro e sua eficácia para outros transtornos como evidência de eficácia. Fernanda explica como escolher entre aplicar o padrão ouro ou a evidência de eficácia, priorizando o padrão ouro quando disponível.
Tratamentos Padrão Ouro em Psicoterapia [55:51]
Fernanda destaca que a psicoterapia pode ser superior à medicação em alguns casos, citando o estudo de Aaron Beck que mostrou que a TCC é mais eficaz do que a medicação para depressão leve e moderada. Ela menciona que muitos tratamentos em psicoterapia foram se estabelecendo como padrão ouro. Fernanda lista os transtornos em que a associação entre psicoterapia e medicação é o melhor tratamento, aqueles em que só a psicoterapia é a melhor opção e aqueles em que a TCC é superior à medicação.
Desafios e Panorama Atual da Psicoterapia [1:06:03]
Fernanda reconhece os desafios nos estudos para determinar o padrão ouro em psicoterapia, como o alto risco de viés. Ela enfatiza que a solução não é abandonar a ciência, mas sim fazer estudos melhores. Fernanda apresenta um panorama atual do que se tem hoje de psicoterapia como padrão ouro, mencionando que não há tratamentos de primeira linha para todos os transtornos. Ela lista os transtornos em que a associação entre psicoterapia e medicação é o melhor tratamento, aqueles em que só a psicoterapia é a melhor opção e aqueles em que a TCC é superior à medicação.
TCC Clássica e PBE [1:15:20]
Fernanda reforça que trabalhar com TCC clássica cegamente não é sinônimo de trabalhar com PBE, pois a TCC clássica não se aplica a todos os transtornos. Ela explica que, quando não há um tratamento padrão ouro, deve-se buscar evidências de eficácia. Fernanda usa o exemplo dos transtornos de personalidade, onde a TCC clássica e a terapia do esquema têm evidências de eficácia. Ela também aborda o que usar quando o paciente não tem transtorno, mencionando técnicas validadas para procrastinação e modelos transdiagnósticos.
Modelos Transdiagnósticos [1:21:30]
Fernanda explica que os modelos transdiagnósticos surgiram para complementar os protocolos tradicionais, não para substituí-los. Ela discute as limitações dos protocolos existentes, como a sobreposição diagnóstica e as múltiplas comorbidades. Fernanda explica que os modelos transdiagnósticos visam tratar os processos desadaptativos que estão por trás dos sintomas, como desregulação emocional, problemas com sono, hipervigilância, procrastinação e perfeccionismo. Ela cita exemplos de modelos transdiagnósticos validados, como o protocolo de Oxford e o protocolo unificado de tratamento de David Barlow.
Reflexões Finais e Encerramento [1:31:52]
Fernanda reflete sobre a possibilidade de dominar todas as abordagens baseadas em evidências, sugerindo focar na TCC clássica e encaminhar casos específicos. Ela compara o aprendizado de diferentes abordagens com o aprendizado de línguas, sendo mais fácil aprender abordagens com a mesma raiz. Fernanda enfatiza a importância de ter conhecimento mínimo em outras abordagens para integrar componentes ou encaminhar pacientes. Ela encoraja os psicólogos a transformarem suas práticas e impactarem positivamente a vida das pessoas, valorizando a profissão e oferecendo o melhor tratamento disponível. Fernanda encerra a aula, agradecendo a participação e convidando para a próxima aula.