Breve Resumo
O vídeo apresenta o segundo dia do segundo congresso brasileiro de urgência e emergência, com foco em aulas ministradas por especialistas em diversas áreas médicas. A Dra. Marina aborda emergências hipertensivas na gestação, enfatizando a importância do diagnóstico precoce e manejo eficaz para reduzir a mortalidade materna. A Dra. Marcela discute o manejo de fraturas expostas na emergência, destacando a necessidade de tratamento rápido e adequado para evitar complicações. O Dr. Nels Canedo explora a identificação e conduta em casos de primeira crise convulsiva, diferenciando etiologias e indicando quando o tratamento farmacológico é necessário.
- Emergências hipertensivas na gestação: diagnóstico precoce e manejo eficaz são cruciais.
- Fraturas expostas: tratamento rápido e adequado para evitar complicações.
- Primeira crise convulsiva: identificação da etiologia e tratamento farmacológico quando necessário.
Abertura do Segundo Dia do Congresso [12:01]
O segundo dia do congresso brasileiro de urgência e emergência começa com agradecimentos aos participantes e organizadores. O evento conta com 1900 acessos simultâneos, demonstrando o grande interesse e confiança depositada na LaUEC. São ressaltados os esforços da equipe para oferecer o melhor material didático, suporte e profissionais nas aulas.
Emergência Hipertensiva na Gestação: Atendimento Precoce e Manejo Eficaz com Dra. Marina [13:22]
A Dra. Marina inicia sua apresentação sobre emergência hipertensiva na gestação, um tema frequente em provas e crucial no pronto-socorro. Ela destaca que a hipertensão é a principal causa de morte materna no Brasil e a segunda no mundo. A incidência afeta 10% das gestantes, indicando uma grande complicação materna e fetal. A classificação dos distúrbios hipertensivos na gestação inclui síndromes hipertensivas, hipertensão arterial crônica, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome HELLP, sendo as duas últimas as mais graves.
Risco e Prevenção da Pré-Eclâmpsia [21:47]
A Dra. Marina explica os fatores de risco para pré-eclâmpsia, dividindo-os em alto risco (história prévia de pré-eclâmpsia, doença renal, doenças autoimunes, diabetes tipo 1 ou 2, hipertensão crônica) e risco moderado (idade materna acima de 35 anos, primeira gestação, obesidade, história familiar de pré-eclâmpsia, gestação gemelar). A gestação decorrente de reprodução assistida por FIV já é classificada como de alto risco. A prevenção da pré-eclâmpsia envolve o uso de AAS (ácido acetilsalicílico) em dose de 100 mg/dia a partir de 12 semanas e suplementação de cálcio para todas as gestantes.
Diagnóstico e Alerta da Síndrome Hipertensiva [27:11]
A partir de 20 semanas de gestação, a pressão arterial elevada deve levantar suspeitas de síndrome hipertensiva, exigindo avaliação de sintomas de gravidade. A Dra. Marina alerta que a condição pode ocorrer em qualquer paciente, independentemente do biotipo. O diagnóstico de hipertensão gestacional é feito com PA sistólica acima de 140 mmHg ou diastólica acima de 90 mmHg em duas ocasiões, com intervalo de 4 horas, ou PA sistólica acima de 160 mmHg ou diastólica acima de 110 mmHg confirmada em 15 minutos.
Pré-Eclâmpsia: Critérios e Diagnóstico [29:27]
A pré-eclâmpsia é diagnosticada com PA acima de 140/90 mmHg após 20 semanas e um dos seguintes critérios: proteinúria (mais de duas cruzes em amostra de urina isolada ou mais de 300 mg em urina de 24 horas), lesão de órgão alvo materno (disfunção hematológica, hepática, renal, pulmonar ou neurológica) ou alteração útero-placentária (alteração de doppler). A trombocitopenia (plaquetas < 100.000) e o aumento das transaminases (mais que o dobro do valor de referência) são sinais de alerta. Sintomas como cefaleia, epigastralgia, náuseas, vômitos, oligúria e alterações visuais indicam gravidade.
Classificação da Pré-Eclâmpsia e Exames Complementares [35:17]
A hipertensão arterial grave é definida por PA acima de 160/110 mmHg não responsiva ao tratamento ou presença de sinais e sintomas de órgãos-alvo. A pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade apresenta PA menor que 160/110 mmHg e ausência de sinais e sintomas em órgãos-alvo. Os exames a serem solicitados incluem proteinúria de 24 horas, função renal (ureia e creatinina), hemograma completo, DHL, transaminases, bilirrubinas, ácido úrico e doppler velocimetria obstétrica.
Conduta e Tratamento da Pré-Eclâmpsia [39:59]
A conduta na pré-eclâmpsia com sinais de gravidade inclui internação, avaliação da vitalidade fetal, exames laboratoriais e estabilização da paciente. Para prevenir ou tratar convulsões, utiliza-se sulfato de magnésio, esquecendo o diazepam. O controle da crise hipertensiva é feito com hidralazina ou nifedipina. A resolução da gestação é indicada em casos de deteriorização materna ou fetal, síndrome HELLP, eclâmpsia, descolamento prematuro de placenta, hipertensão refratária, edema agudo de pulmão, comprometimento cardíaco ou alterações fetais.
Esquemas de Sulfato de Magnésio e Crise Hipertensiva [46:28]
O esquema de Zuspan (4g EV de ataque, seguido de 1g/hora em bomba de infusão contínua) é o mais recomendado. O esquema de Pritchard (4g EV lento, seguido de 10g IM profundas) pode ser usado quando não há bomba de infusão disponível. Em casos graves, pode-se usar o esquema de Zuspan não modificado (6g EV, seguido de 2g/hora em bomba de infusão). É crucial monitorar a intoxicação por sulfato, verificando reflexo patelar, frequência respiratória e diurese. Em caso de intoxicação, usar gluconato de cálcio 10%. Para a crise hipertensiva (PA > 160/110 mmHg), usar hidralazina EV ou nifedipina, evitando o nitroprussiato de sódio, exceto em casos graves com edema agudo de pulmão.
Finalização da Gestação e Resumo [55:51]
A finalização da gestação é indicada em casos de deteriorização materna ou fetal, síndrome HELLP, eclâmpsia, descolamento prematuro de placenta, hipertensão refratária, edema agudo de pulmão ou alterações fetais. Abaixo de 24 semanas, indica-se interrupção da gestação. Entre 24 e 34 semanas, tenta-se manter a gestação com corticoterapia para maturação pulmonar. Após 34 semanas, indica-se a resolução da gestação. A preferência é por parto vaginal, exceto em casos de crise hipertensiva refratária ou síndrome HELLP.
Apresentação da Dra. Marcela Rodrigues e Introdução à Fratura Exposta [1:11:53]
A Dra. Marcela Rodrigues, ortopedista, apresenta o tema fratura exposta, enfatizando a importância do manejo adequado na emergência. Ela destaca que as faculdades de medicina geralmente não abordam ortopedia de forma aprofundada, o que pode levar a erros e iatrogenias nos plantões. O objetivo da aula é capacitar os médicos a dominarem o tema fratura exposta para atuarem com mais segurança.
Conceito e Extrapolação da Fratura Exposta [1:16:26]
A fratura exposta é definida como a comunicação do foco da fratura com o meio externo. Essa comunicação pode ser por exposição óssea ou apenas pelo hematoma da fratura em contato com o meio ambiente. A Dra. Marcela ressalta que mesmo uma mínima perfuração com o osso perfurando e voltando é considerada fratura exposta. Em casos duvidosos, a presença de gotículas de gordura no sangue do ferimento sugere fratura exposta.
Epidemiologia e Importância do Tema [1:20:42]
A epidemiologia da fratura exposta envolve principalmente homens, acidentes de trânsito (moto), acidentes de trabalho ou PAF (projétil de arma de fogo). Os ossos mais acometidos são os dos membros inferiores, especialmente a tíbia. A importância do tema reside no fato de que o prognóstico do paciente piora se não houver tratamento adequado nas primeiras horas. A fratura exposta é frequentemente causada por traumas de alta energia, resultando em lesões de partes moles, lesões neurovasculares e risco de amputação.
Classificações da Fratura Exposta [1:25:14]
A Dra. Marcela apresenta as classificações de Gustilo-Anderson, Cherne e Messi (Mangle Extremity Severity Score) para fraturas expostas. A classificação de Gustilo-Anderson é dividida em tipos 1, 2 e 3, com o tipo 3 subdividido de acordo com a gravidade da lesão. A classificação de Cherne foca nas partes moles. O índice de Messi avalia a gravidade da lesão, isquemia, choque e idade do paciente, auxiliando na decisão de amputação em casos extremos.
Tratamento da Fratura Exposta: Prioridades e Etapas [1:29:30]
O tratamento da fratura exposta visa primeiro salvar a vida do paciente, depois salvar o membro e, por fim, consolidar a fratura e restaurar a função. A Dra. Marcela destaca que o paciente com fratura exposta pode ser um politraumatizado, exigindo atendimento multidisciplinar e avaliação inicial com o ATLS (Advanced Trauma Life Support).
Tratamento no Local do Trauma e na Admissão [1:31:57]
No local do trauma, o mais importante é isolar a ferida com gaze ou compressa estéril e realizar uma imobilização temporária. Na admissão, o médico deve prescrever antibiótico de amplo espectro (cefalosporina de primeira ou segunda geração) assim que possível. Se houver muita contaminação, adicionar aminoglicosídeo (gentamicina). Investigar a vacinação antitetânica.
Tratamento no Bloco Cirúrgico e Estabilização [1:36:17]
O paciente deve ser encaminhado ao bloco cirúrgico o mais rápido possível (idealmente em menos de 6 horas) para desbridamento agressivo e precoce, removendo tecido desvitalizado e lavando com soro fisiológico 0,9%. Se necessário, estabilizar a fratura com fio de Kirschner ou fixador externo. O fixador externo é um tratamento temporário que facilita a troca de curativos, possibilita a movimentação precoce e reduz o risco de infecção.
Exemplo Clínico e Mensagens Finais [1:42:49]
A Dra. Marcela apresenta um caso clínico de um paciente com fratura exposta na tíbia, demonstrando o tratamento realizado com abertura do foco de fratura, lavagem e estabilização com fixador externo. Ela explica a importância da fasciotomia profilática em casos de síndrome compartimental. As mensagens finais são: não se distraia com a fratura exposta, priorize o ATLS; a fratura exposta é muito mais do que uma fratura, é uma combinação de contaminação, desvitalização e risco de infecção.
Abertura da Sessão de Perguntas e Respostas com a Dra. Marcela [1:50:37]
A Dra. Marcela responde a perguntas sobre síndrome de compartimento, alinhamento ósseo no APH, lesões próximas a órgãos importantes e temperatura do soro para lavagem. Ela enfatiza a importância de avaliar órgãos importantes em lesões próximas, encaminhar pacientes imobilizados e usar soro à temperatura ambiente.
Continuação da Sessão de Perguntas e Respostas com a Dra. Marcela [1:57:39]
A Dra. Marcela continua respondendo a perguntas sobre imobilização em via pública, alinhamento de fratura exposta no APH e disponibilização do PDF da aula. Ela reforça a importância de cobrir o ferimento com um pano limpo e imobilizar, se possível.
Apresentação do Dr. Nels Canedo e Introdução ao Tema [2:01:17]
O Dr. Nels Canedo, neurologista, apresenta o tema identificação e conduta rápida diante da primeira crise convulsiva no setor de emergência. Ele destaca a importância de definir se o evento foi de fato uma crise convulsiva, qual a etiologia e se é necessário o uso de fármaco anticrise.
Definição de Crise Convulsiva e Epilepsia [2:04:57]
A crise convulsiva é definida como uma ocorrência transitória de sinais ou sintomas decorrentes da atividade neuronal síncrona ou excessiva. As manifestações podem ser alteração de consciência, motora, sensitiva, autonômica ou psíquica. A epilepsia é uma predisposição persistente do cérebro de gerar crise epiléptica, exigindo critérios específicos para o diagnóstico.
Tipos de Crise Convulsiva e Etiologia [2:09:39]
O Dr. Nels explica os tipos de crise convulsiva: provocada (causada por alteração sistêmica reversível), não provocada (sem etiologia identificada), sintomática aguda (associada a evento cerebral agudo), reflexa (desencadeada por estímulo específico) e funcional (psicogênica). As principais etiologias no pronto-socorro são metabólicas, estruturais e infecciosas.
Conduta Prática no Pronto-Socorro [2:17:20]
A conduta prática no pronto-socorro envolve exames laboratoriais (eletrólitos, função renal, função hepática), neuroimagem (tomografia de crânio com contraste), eletroencefalograma (se disponível) e líquor (se suspeita de infecção). A neuroimagem é obrigatória para todos os pacientes com primeira crise convulsiva.
Achados na Neuroimagem e Eletroencefalograma [2:23:23]
A neuroimagem pode revelar diversas alterações, como esclerose mesial temporal, ganglioglioma, displasia cortical, AVC isquêmico ou hemorrágico. O eletroencefalograma, se normal, não exclui epilepsia. A história clínica e o exame neurológico são cruciais para o diagnóstico.
Diagnósticos Diferenciais e Quando Tratar [2:27:19]
O principal diagnóstico diferencial é a síncope, que se diferencia pela curta duração, ausência de estado pós-ictal e relato de mal-estar prévio. A crise funcional é um diagnóstico de exclusão. O tratamento é indicado em casos de epilepsia definida, suspeita ou confirmação de status epilepticus, crises agudas de repetição e crise sintomática aguda (AVCH, HSA, trombose venosa cerebral, TCE).
Manejo Agudo e Considerações Finais [2:37:00]
No manejo agudo, estabilizar o paciente, garantir acesso venoso e glicemia, fazer história clínica e administrar benzodiazepínico (diazepam ou midazolam) para interromper a crise. Após a estabilização, realizar exames laboratoriais, neuroimagem, eletroencefalograma e líquor. O Dr. Nels enfatiza que nem toda crise é igual e que o paciente merece atenção especial.
Sessão de Perguntas e Respostas com o Dr. Nels [2:44:00]
O Dr. Nels responde a perguntas sobre a relação entre transtorno do espectro autista e epilepsia, manejo do paciente sonolento após a crise, consequências do uso de benzodiazepínicos fora da crise, uso de carbamazepina e propofol. Ele reforça a importância de avaliar a estabilidade hemodinâmica e respiratória do paciente, evitar o uso de benzodiazepínicos fora da crise e usar propofol apenas em casos de status epilepticus.